A ilha Terceira, assim como outras ilhas dos Açores, é de origem vulcânica. Como nos explica Gilberto Vieira, entusiasta da ilha e nosso guia por hoje, os primeiros habitantes tiveram de limpar o terreno das pedras vulcânicas e foram construindo muros. No início da colonização da ilha, estes muros serviam para demarcar as propriedades, mas mantiveram-se até hoje como uma forma de proteção contra os ventos fortes que sopram do mar e como meio de criar microclimas favoráveis para o cultivo. .O sol que agora rompe pelas nuvens dá ao verde das pastagens, entrecortado pelos famosos muros de pedra, uma paleta de verdes quase irreal. Da Serra do Cume, é impossível não parar e admirar esta “Manta de Retalhos”, uma vista panorâmica sobre a maior cratera dos Açores, com 15 quilómetros de diâmetro. Os Açores são conhecidos pela sua beleza natural e hospitalidade calorosa, mas também pela capacidade de brindar os visitantes com as quatro estações no mesmo dia, pelo que o nosso anfitrião acelera entre os miradouros mais icónicos da ilha antes que a chuva volte. Do Miradouro do Pico do Facho, com vista sobre a Praia da Vitória, até ao Monte Brasil, vamos desbravando caminho, cruzando muros e observando vacas e vistas deslumbrantes enquanto se começa a ver a baía que abraça Angra do Heroísmo. A cidade considerada Património Mundial pela UNESCO desde 1983, é um exemplo de preservação e orgulho para os terceirenses. .Para Gilberto Vieira, a expressão “os Açores são oito ilhas e um parque de diversões” é perfeita para descrever a ilha onde nasceu e talvez por isso tente mostrar-nos o máximo antes de nos sentarmos à mesa do restaurante da Quinta do Martelo. Trata-se de um bastião da gastronomia tradicional e de preservação da cultura popular. .Sentados à mesa, recordamos a nossa viagem entre serras e cumes, sempre com o Atlântico como pano de fundo. De repente, lembrámo-nos de que as palavras de Vitorino Nemésio, escritor e poeta nascido nesta ilha, fazem ainda mais sentido: “Como as sereias, temos uma dupla natureza: somos de carne e pedra. Os nossos ossos mergulham no mar.”O DN viajou a convite das Casas Açorianas e com o apoio da Sata Air Açores