Uma mulher para liderar o Supremo Tribunal em Espanha
A magistrada Isabel Perelló, filiada na associação progressista Juízes e Juízas para a Democracia, tomou esta quarta-feira posse como presidente do Conselho Geral do Poder Judicial (CGPJ) e do Supremo Tribunal espanhol. É a primeira vez que uma mulher ocupa estes dois cargos, sendo esperada com expectativa a sua intervenção desta quinta-feira na abertura do ano judicial.
A eleição de Perelló, com 16 votos a favor, acabou com o impasse que existia há mais de um mês para a escolha de um presidente do órgão responsável por garantir a independência dos juízes e nomear os magistrados para os principais tribunais em Espanha. Um impasse mais curto do que o que impediu a renovação do CGPJ durante mais de cinco anos, devido a falta de acordo político.
O bloqueio no CGPJ foi ultrapassado após negociações mediadas por Bruxelas, que levaram cada um dos partidos a nomear dez vogais. Ao contrário do que acontecia antes, optaram por deixar a escolha de um presidente para os próprios membros do CGPJ.
A primeira votação para eleger o presidente contava com sete candidatos e o consenso - era preciso uma maioria de dois terços - foi difícil de alcançar. Perelló, que pertencia à sala de Contencioso Administrativo do Supremo Tribunal, não era um dos nomes mais falados, mas acabou por ser capaz de ultrapassar a divisão entre conservadores e progressistas.
Segundo a Agência EFE, para os conservadores não pesou o facto de estar ligada à associação progressista Juízes e Juízas para a Democracia, mas ser uma magistrada reconhecida, respeitada e com experiência, mas nada mediática, ao contrário das principais favoritas - Pilar Teso e Ana Ferrer. Uma das únicas exceções foi quando, há dez anos, junto com outras juízas (uma delas a atual ministra da Defesa, Margarita Robles) assinou uma carta a queixar-se da “linguagem sexista” do então presidente do CGPJ, Carlos Lesmes.
Perelló, catalã de 66 anos, entrou na carreira judicial em 1985 e passou pelo Tribunal de Primeira Instância e de Instrução de Mahón (Menorca), pela Audiência Provincial de Barcelona e pelo Supremo da Catalunha. Esteve ainda no Tribunal Superior de Justiça da Andaluzia e na Audiência Nacional.
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