UE vai propor eliminação gradual do petróleo russo até final do ano
A UE vai propor um bloqueio gradual às importações de petróleo russo como parte de uma nova ronda de sanções contra a Rússia, disseram fontes diplomáticas citadas pelas agências Reuters e AFP neste domingo.
A Comissão Europeia, que elabora sanções para apresentar aos 27 países da UE, está atualmente a preparar o texto, que poderá ser revelado aos Estados membros já na próxima quarta-feira, disseram diplomatas.
Várias fontes disseram que um avanço para a libertação total do petróleo russo foi possível após uma reviravolta política da Alemanha, que sempre resistira à medida, considerando-a muito perturbadora e potencialmente prejudicial à sua economia.
Para acalmar os céticos, a Comissão liderada por Ursula von der Leyen vai propor a implementação gradual da proibição do petróleo russo ao longo de seis a oito meses, dando aos países tempo para acautelar alternativas, disseram as fontes.
A aprovação deste embargo ao petróleo russo, que requer apoio unânime dos Estados membros, ainda enfrenta, no entanto, alguma oposição. A mais vincada chega da Hungria, devido à sua dependência do petróleo russo e aos laços estreitos com o Kremlin.
A proibição é "contraproducente" e os países da UE "devem cair em si", disse o ministro húngaro, Gergely Gulyas, à rádio estatal húngara neste domingo, informou a Bloomberg.
Outros países, como alguns do Sul da Europa, diz a AFP, também estão preocupados que a proibição do petróleo aumente os preços para o consumidor, já em alta devido às consequências da guerra.
"Devemos estar muito atentos às reações do mercado", disse um funcionário europeu à AFP sob condição de anonimato. "Existem soluções e chegaremos lá no final, mas devemos agir com muito cuidado", disse o responsável.
Preparando o terreno, a Comissão manteve discussões com os Estados membros mais preocupados ao longo do fim de semana, bem como com a Agência Internacional de Energia e os Estados Unidos, que expressaram dúvidas sobre a aplicação de uma proibição total ao petróleo russo por parte UE.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, alertou na semana passada que uma proibição poderia "contraintuitivamente... na verdade ter muito pouco impacto negativo na Rússia", já que os preços mais altos para suas exportações restantes atenuariam o impacto.
Os ministros de energia da UE discutirão a proibição em negociações nesta segunda-feira em Bruxelas.
Este sexto pacote de medidas anti-russas também terá como alvo o maior banco do país, o Sberbank, que será excluído do sistema internacional de mensagens Swift, disseram diplomatas ouvidos pelas agências.
O objetivo das sanções será secar o financiamento da Rússia para o esforço de guerra na Ucrânia. A Rússia exporta dois terços do seu petróleo para a UE. A UE já havia proibido as importações de carvão russo, mas a Polônia e os países bálticos também pediram um embargo ao petróleo.
As importações de gás da Rússia permanecerão intocadas, com a Alemanha extremamente dependente, prometendo livrar-se do gás russo até meados de 2024.
A dependência da maior economia da Europa em relação à energia russa foi exposta como um calcanhar de Aquiles na luta dos países ocidentais para punir o presidente russo, Vladimir Putin, por seu ataque à Ucrânia.