Conselho de Segurança da ONU reúne-se de emergência esta noite, a pedido da Ucrânia

Perante a informação divulgada pelo Kremlin de que os líderes separatistas pediram ajuda militar a Moscovo, a Ucrânia solicitou uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU.
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O Conselho de Segurança da ONU realiza uma nova reunião de emergência, sobre a crise entre a Rússia e a Ucrânia, às 21:30 de quarta-feira (02:30 de quinta-feira em Lisboa), revelaram fontes diplomáticas à agência de notícias AFP.

Esta reunião, solicitada por Kiev durante o dia [de quarta-feira], é a segunda no espaço de três dias e foi marcada "devido a desenvolvimentos militares" no terreno, referem as mesmas fontes.

O pedido de reunião pela Ucrânia foi apoiado pelos países ocidentais membros do Conselho de Segurança da ONU, acrescentaram as fontes à AFP.

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, escreveu na rede social Twitter que o país "solicitou uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU" devido ao pedido de "assistência militar" feito pelos líderes separatistas de Donetsk e Lugansk à Rússia, o que "é mais uma escalada na situação de segurança".

O Kremlin anunciou que os líderes das autoproclamadas repúblicas separatistas pró-Rússia, no leste da Ucrânia, pediram ajuda ao presidente russo Vladimir Putin para "repelir a agressão" dos militares ucranianos.

Antes de anunciar o pedido de uma reunião urgente ao Conselho de Segurança, o ministro ucraniano apelou à comunidade internacional que reforce as sanções à Rússia e disponibilize armas para a Ucrânia se defender de uma agressão russa.

"Devem ser impostas mais sanções, devemos receber mais armas e as ações diplomáticas devem ser multiplicadas", referiu Dmytro Kuleba, em declarações aos jornalistas, após discursar perante a Assembleia Geral da ONU, que teve hoje uma sessão especificamente dedicada à crise na Ucrânia.

O responsável da diplomacia ucraniana repetiu várias vezes que as sanções anunciadas na terça-feira pelos Estados Unidos, União Europeia (UE), Reino Unido e outros países "são apreciadas, mas não são suficientes".

Dmytro Kuleba alertou que não se deve esperar que os mísseis russos caiam em solo ucraniano para impor novas sanções, defendendo que estas "devem ter um efeito dissuasivo".

Para o governante, a Ucrânia tem direito a munir-se "de armas defensivas" que espera não terem de ser usadas.

Vladimir Putin, recorde-se, assinou, na segunda-feira à noite, um decreto que reconhece as autoproclamadas repúblicas de Lugansk e de Donetsk, no Donbass (leste da Ucrânia).

Depois do reconhecimento, Putin autorizou o exército russo a enviar uma força de "manutenção da paz" para Donetsk e Lugansk, fazendo aumentar o receio de uma ofensiva da Rússia no leste da Ucrânia.

O Ocidente acusa Moscovo de quebrar os Acordos de Minsk, assinados por Kiev e pelos separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk, sob a égide da Alemanha, França e Rússia.

Estes visavam encontrar uma solução para a guerra entre Kiev e os separatistas apoiados por Moscovo que começou em 2014, pouco depois de a Rússia ter anexado a península ucraniana da Crimeia.

A guerra no Donbass já provocou mais de 14 000 mortos e 1,5 milhões de deslocados desde 2014, segundo as Nações Unidas.

Em 2014, os separatistas declararam a independência dos territórios ucranianos de Donetsk e Lugansk, que a Rússia reconheceu na segunda-feira, numa decisão vista pelo Ocidente como um sinal de uma nova invasão da Ucrânia.

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