Tensão elevada para a cimeira à distância entre os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin. A agenda está cheia de temas divergentes, sendo o da Ucrânia o mais premente, depois de os serviços secretos norte-americanos terem revelado, através do Washington Post, um documento sobre os planos de uma ofensiva militar de Moscovo à Ucrânia no início de 2022. Do lado do Kremlin, alega-se que um avião comercial teve de mudar de trajetória na sexta-feira para evitar "uma catástrofe" que seria causada por uma aeronave de reconhecimento da NATO..A videoconferência entre Biden e Putin - "assassino", nas palavras do norte-americano - foi precedida de várias tentativas de pressão de parte a parte. Os Estados Unidos vão realizar na quinta e sexta-feira a cimeira pela democracia, na qual convidaram cerca de cem líderes mundiais e deixaram de fora russos e chineses, mas convidaram representantes de Kiev e Taipé, por exemplo, para fúria não dissimulada de Moscovo e Pequim (diga-se ainda que Washington anunciou na segunda-feira o boicote aos Jogos Olímpicos de inverno de 2022, que vão decorrer na capital chinesa)..DestaquedestaqueWashington ameaça retaliar com medidas económicas e uma maior presença militar no flanco leste. Moscovo quer garantias de que a NATO não vai expandir-se..Da parte norte-americana, às notícias sobre os planos russos de invasão à Ucrânia com 175 mil soldados, apoiados por mais 100 mil reservistas, Joe Biden disse estar a preparar um "conjunto abrangente e significativo de iniciativas". E sobre a conversa com o homem que lidera a Rússia há duas décadas disse: "Há muito tempo que estamos cientes das ações da Rússia e a minha expectativa é que vamos ter uma longa discussão.".Nessa discussão, Biden irá advertir que qualquer agressão à Ucrânia terá um elevado preço a pagar, não só por parte dos Estados Unidos, mas também da Aliança Atlântica e da União Europeia, noticiou o Financial Times. O mesmo foi confirmado pela Casa Branca na segunda-feira, ao dizer que Moscovo sofrerá "graves prejuízos económicos" caso se decida por um ataque militar..Para já não há pormenores sobre quais serão as "medidas económicas de peso", mas deixar por inaugurar o gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha, é o mais óbvio. Outras medidas podem passar por excluir a Rússia do sistema de pagamentos bancários SWIFT ou congelar ativos financeiros russos no estrangeiro..A AFP cita um funcionário da Casa Branca, segundo o qual Biden deixará claro que se Putin invadir "haveria um pedido crescente dos aliados do flanco oriental e uma resposta positiva dos Estados Unidos para forças, capacidades adicionais e exercícios" militares..É precisamente isso que se espera que Vladimir Putin - que tem repetidamente criticado a presença da NATO no Mar Negro - faça. O presidente russo, que na véspera esteve em Nova Deli a vender o sistema de defesa de mísseis S-400 e um acordo para a Índia fabricar metralhadoras AK-203, quererá garantias de que a NATO não se expandirá para a Ucrânia e Geórgia..cesar.avo@dn.pt