Ucrânia: Ataque russo à maior central nuclear da Europa origina incêndio
As forças russas começaram a bombardear na noite de quinta-feira a maior central nuclear da Europa, no sul da Ucrânia, onde deflagrou um incêndio e existiu, segundo as autoridades ucranianas. uma "ameaça real de perigo nuclear". O incêndio acabou por ser extinto durante a madrugada.
"Exigimos que parem os disparos com armas pesadas. Há uma ameaça real de perigo nuclear na maior central da Europa", alertou o porta-voz desta estação, Andriy Tuz.
A central nuclear de Zaporizhzhia, na cidade de Enerhodar, é responsável pela produção de um quarto da energia da Ucrânia.
Também o autarca de Enerhodar denunciou bombardeamentos contra a central nuclear, que originaram um incêndio.
"Ameaça à segurança global. Como resultado do contínuo bombardeamento inimigo de edifícios e unidades da maior central nuclear da Europa, esta está a arder", referiu Dmitry Orlov através da sua conta da rede social Telegram.
O autarca explicou que a guarda nacional confirmou a ocorrência de um incêndio e que irá defender a central.
Durante o dia de quinta-feira as autoridades ucranianas tinha relatado que as forças militares russas estavam a caminho da central nuclear, enquanto apelavam ao Ocidente que encerre o espaço aéreo sobre as centrais nucleares.
As autoridades ucranianas realçaram ainda que "tiros altos" foram ouvidos na cidade de Enerhodar na noite de quinta-feira.
"Muitos jovens com roupas desportivas e armados com kalashnikovs entraram na cidade. Estão a arrombar portas e a tentarem entrar nos apartamentos", destacou a Energoatom, em comunicado.
Já o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, juntou-se ao Presidente da Ucrânia para pedir ao Ocidente que feche os céus sobre as centrais nucleares da Ucrânia.
Denys Shmyhal revelou que apelou à NATO e à Agência Internacional de Energia Atómica, o órgão de vigilância das Nações Unidas.
"Fechem os céus sobre a Ucrânia. É uma questão de segurança para o mundo inteiro", alertou o governante.
o Serviço Estatal de Emergências da Ucrânia indicou que os 44 bombeiros e os 11 veículos envolvidos na operação conseguiram extinguir o fogo por volta das 06:20 (04:20 em Lisboa), não se registando qualquer ferido, de acordo com um comunicado publicado na rede social Facebook.
A operação de combate ao incêndio esteve em suspenso durante várias horas, por os bombeiros terem sido impedidos de aceder à central nuclear por tropas russas.
As autoridades ucranianas garantiram que os seis reatores de Zaporizhzhia não foram afetados e que o incêndio atingiu apenas um edifício e um laboratório do local.
Os Estados Unidos e a NATO já descartaram a criação de uma zona de exclusão aérea na Ucrânia, visto que essa medida colocaria diretamente os militares russos e ocidentais em confronto.
Os russos têm usado o seu poder de fogo superior nos últimos dias, lançando mísseis e ataques de artilharia em áreas civis e obtendo ganhos significativos no sul da Ucrânia, como parte de um esforço para cortar a ligação deste país com o mar Negro e Azov.
O corte do acesso da Ucrânia ao litoral seria um rude golpe para a economia do país e permitira à Rússia construir um corredor terrestre que se estende desde a sua fronteira até à Crimeia, anexada por Moscovo desde 2014, seguindo depois para oeste até à Roménia.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.