Marco Rubio, o secretário de Estado norte-americano, chamou esta quarta-feira, 25 de junho, à reunião da NATO deste ano de “cimeira de Trump”, uma declaração que não anda longe da verdade, já que o presidente dos Estados Unidos saiu de Haia com o compromisso dos Aliados de aumentarem a meta dos gastos em Defesa para 5% do Produto Interno Bruto de cada país até 2035, tal como pretendia. Uma vitória cuja responsabilidade o próprio chamou a si e que mereceu a validação do secretário-Geral da NATO, Mark Rutte. “Num marco histórico desta semana, os Aliados da NATO comprometeram-se a aumentar drasticamente as suas despesas com a defesa para 5% do PIB, algo que ninguém imaginava realmente ser possível. E eles disseram: ‘conseguiu, senhor, conseguiu.’ Bem, não sei se consegui, mas acho que consegui”, referiu esta quarta-feira o presidente norte-americano numa conferência dada após o final da reunião. “Foi uma viagem bastante longa, mas que valeu a pena”.O secretário-geral da NATO considerou que este foi um “salto quântico” para fazer uma NATO “mais forte, justa e letal”, atribuindo a Donald Trump “todo o mérito” pelo compromisso alcançado pelos países da Aliança. E rejeitou que tenha demonstrado fraqueza perante Trump ou cedido a caprichos do líder norte-americano, considerando, sim, que “as coisas estão a avançar” com o republicano. “Está a fazer coisas que nos obrigam a investir mais. Teria sido este o resultado da cimeira se ele [Donald Trump] não tivesse sido eleito? Chegaríamos na década de 2030 aos 5% [do PIB]? Não merece mérito pelo que fez?”, questionou Rutte.De acordo com a declaração da Cimeira de Haia - que tem apenas 5 pontos, sendo bem mais curta que os 38 pontos e uma adenda do documento de Washington em 2024 - este aumento para 5% anual do PIB em despesas com a Defesa servirá para “garantir as nossas obrigações individuais e coletivas”. Este valor será divido em duas categorias, como Rutte já havia anunciado e como foi agora acordado pelos Aliados, que irão “alocar pelo menos 3,5% do PIB anualmente, com base na definição acordada de despesas de defesa da NATO até 2035, para satisfazer as necessidades básicas de defesa e para cumprir as Metas de Capacidade da NATO”, ficando ainda estabelecido que irão “apresentar planos anuais que mostrem um caminho credível e gradual para atingir esta meta”. A segunda categoria estabelece que os 32 países da Aliança “serão responsáveis por até 1,5% do PIB anualmente para, entre outras coisas, proteger a nossa infraestrutura crítica, defender as nossas redes, garantir a nossa preparação e resiliência civil, impulsionar a inovação e fortalecer a nossa base industrial de defesa”, pode ler-se na declaração final. As despesas ao abrigo deste plano serão revistas em 2029.Apesar desta declaração, o primeiro-ministro Pedro Sánchez insistiu ontem que Espanha poderá seguir o seu próprio caminho de investimento e cumprir os objetivos da NATO sem precisar de chegar aos 3,5%. Uma posição criticada por Mark Rutte e vários líderes, como os primeiros-ministros da Bélgica e da Grécia, e de uma forma mais violenta por Donald Trump.“Estamos a negociar um acordo comercial com Espanha. Vamos fazer com que paguem o dobro. E estou a falar a sério sobre isso. (...) terão de nos devolver em termos comerciais, porque não vou deixar que isso aconteça. É injusto”, ameaçou o presidente norte-americano. A partir de Madrid, o ministro da Economia espanhol, Carlos Cuerpo, lembrou Donald Trump que as negociações tarifárias “acontecem no marco da Comissão Europeia, que é a responsável por negociar em nome de todos os Estados-membros, não apenas para Espanha”.Esta Cimeira de Haia serviu também para esclarecer se os Estados Unidos estavam ou não comprometidos com o artigo 5.º da Aliança, que estipula que qualquer ataque a um dos membros será considerado um ataque a todos, depois de Donald Trump ter dito por várias vezes que os restantes 31 Aliados estavam entregues à sua sorte. “Saí daqui diferente. Saí daqui a dizer que estas pessoas realmente amam os seus países, que não é um engano. E nós estamos aqui para os ajudar a proteger os seus países”, garantiu Trump no final do encontro. Um compromisso entre os Aliados que ficou também inscrito na declaração final.Kiev não foi esquecido neste documento, com os países da NATO a garantirem “os seus compromissos soberanos duradouros de prestar apoio à Ucrânia, cuja segurança contribui para a nossa”. Nesse sentido, “incluirão contribuições diretas para a defesa da Ucrânia e da sua indústria de defesa no cálculo das despesas de Defesa dos Aliados”. Ao contrário de declarações de cimeiras anteriores, a deste ano não condena diretamente a Rússia, mas inclui uma menção sobre “a ameaça a longo prazo representada pela Rússia à segurança euro-atlântica”.Como já havia sido anunciado, Donald Trump e Volodymyr Zelensky encontraram-se à margem da cimeira, reunião que durou cerca de uma hora. “Não podia ter sido melhor”, referiu o presidente americano, acrescentando que o seu homólogo ucraniano lhe transmitiu que quer ver a guerra terminada. Nesse sentido, Trump anunciou que iria ligar ao presidente russo, Vladimir Putin, para tentar facilitar o fim do conflito, sendo que ao mesmo tempo deixou no ar a possibilidade de os EUA enviarem mais mísseis Patriot para a Ucrânia..Países da NATO aceitam investir 5% em Defesa até 2035. Trump compromete-se a "ajudar" e "proteger" os aliados.EUA insistem que compromisso de aumentar gastos na Defesa envolve todos os aliados da NATO