Trump admite hipótese de desafiar a lei e tentar um terceiro mandato
Donald Trump afirmou numa entrevista dada no domingo à noite que existem “métodos”, e talvez “planos”, para contornar o limite constitucional que obriga os presidentes dos Estados Unidos a cumprir apenas dois mandatos, mesmo que não consecutivos. Horas mais tarde, o líder americano garantiu que “mais pessoas pediram-me para ter um terceiro mandato”. Uma intenção que já levou democratas a chamarem-lhe “ditador”.
“Há métodos pelos quais se pode fazer isto”, declarou à NBC. “Bem, existem planos”, prosseguiu Donald Trump. “Não planos. Existem métodos, existem métodos através dos quais se poderia fazer isto, como se sabe.”
Confrontado pela jornalista com uma teoria defendida por alguns dos seus apoiantes, de que a 22.ª Emenda apenas proíbe explicitamente ser “eleito” para mais de dois mandatos, não falando se pode ser presidente através de sucessão - num cenário em que JD Vance ou outro seria candidato à Casa Branca e renunciaria após a vitória dando a hipótese do seu vice, neste caso, Trump de tomar posse como chefe de Estado -, Donald Trump respondeu que essa era uma hipótese, mas que “há outras”. E garantiu que não estava a “brincar”. Já no Air Force One, o republicano garantiu que “mais pessoas pediram-me para ter um terceiro mandato”, mas que, para já, preferia focar-se no presente.
Esta não é a primeira vez que Trump fala na possibilidade, apesar de não permitida pela Constituição. Já o tinha referido antes de tomar posse e abordou o assunto pelo menos mais duas vezes desde o regresso à Casa Branca, uma das quais, em fevereiro, quando chegou a dizer sobre si mesmo “longa vida ao rei”.
“É isto que os ditadores fazem”, disse Ken Martin, presidente do Comité Nacional Democrata, acrescentando que, em três meses, o republicano “afetou a bolsa e aumentou os custos. Agora, está a planear um terceiro mandato em vez de fazer alguma coisa para melhorar a vida dos americanos.”
Do lado dos republicanos a questão não parece pacífica. O congressista Andy Ogles, por exemplo, já apresentou uma resolução para alterar a Constituição para permitir que um presidente cumpra até três mandatos, desde que não consecutivos, o que abrange Trump.
Outros, como o senador John Curtis, rejeitaram a possibilidade. “Não teria apoiado sequer um terceiro mandato para George Washington”, disse Curtis, numa referência ao primeiro presidente dos EUA e um dos seus fundadores. Também o senador Markwayne Mullin já se tinha mostrado contra. “Não vou mudar a Constituição, a menos que o povo americano decida fazê-lo”.
ana.meireles@dn.pt