Abalos obrigaram milhares de pessoas a abandonar as suas casas.
Abalos obrigaram milhares de pessoas a abandonar as suas casas.EPA/JIJI PRESS

Terra volta a tremer no Japão e lança o pânico entre a população

Sismo de 7,6 deu origem a um alerta de tsunami, o primeiro desde o terremoto de 2011, e a cerca de 60 réplicas num espaço de horas. Há o registo de, pelo menos, um morto.
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O relógio marcava 16.20 (7.20 em Lisboa) do primeiro dia do ano quando o Japão foi sacudido por um sismo de 7,6 de intensidade que acabou por desencadear um tsunami, causando pânico e angústia entre a população, que tem ainda bem presente as dolorosas memórias do abalo de 2011, o maior da história do país. Milhares de pessoas tiveram de abandonar as suas casas, mas,  até ao fecho desta edição, havia apenas o registo de uma vítima mortal.

O sismo teve o seu epicentro junto à costa ocidental do Japão, a cerca de 500 quilómetros de Tóquio, atingindo a região de Ishikawa. Nas horas seguintes, e até ao fecho desta edição, já tinham sido registados mais de 60 tremores de terra com magnitudes entre os 3 e os 6,1 e com a agência meteorológica do Japão a alertar que poderão ocorrer mais abalos graves durante a próxima semana, principalmente nos primeiros dois a três dias.

Um dos editores do jornal The Japan Times estava na região de Toyama a passar o Ano Novo com a família quando a terra tremeu. “Vivo no Japão há nove anos e nunca senti nada como isto”, contou Jordan Allen, acrescentando que alguns objetos em casa caíram ao chão e partiram-se, mas não havia danos estruturais a relatar.

Joseph Tame, um britânico a morar no Japão desde 2008, contou à BBC que sentiu o sismo em casa, a norte de Tóquio, a cerca de 500 quilómetros do epicentro. “A casa onde estamos tem cerca de 40 anos e tremeu bastante. Foi um grande choque”, explicou o empresário. “O que mais me impressionou ao ver televisão é que trouxe de volta memórias de 2011, quando tivemos o enorme tsunami. Pude sentir as lágrimas só de lembrar como foi terrível aquela época”.

Após o primeiro sismo, as autoridades emitiram um alerta de grande tsunami, o primeiro do Japão desde 2011, nas localidades perto do epicentro, alertando para a possibilidade de ondas até cinco metros. A Coreia do Sul e Rússia fizeram o mesmo, não havendo relatos de incidentes nestes países.

A população foi aconselhada pelas autoridades a abandonar as zonas costeiras.
EPA/FRANCK ROBICHON

Nas regiões de Ishikawa, Niigata, Toyama e Yamagata, as autoridades japonesas pediram à população para abandonar rapidamente as zonas costeiras, tendo as ondas chegado aos 1,2 metros no porto de Wajima, na Península de Noto, pouco depois do primeiro sismo, onde deflagrou um incêndio de grandes proporções. 

O alerta de grande tsunami foi reduzido horas depois para ondas até três metros para toda a costa do Mar do Japão, passando, já durante a madrugada (hora local), apenas para o nível de “aviso”, o que equivale à possibilidade de ondas com um metro ou menos, mas mantendo-se o pedido à população para se manter atenta a possíveis novos sismos.

Segundo as autoridades locais e os bombeiros, muitas casas desabaram em zonas de Ishikawa, havendo o registo de seis pessoas terem ficado presas sob os escombros, e a morte de um homem após o colapso de um edifício. Mais de 36 mil casas da região ficaram ontem sem energia, várias autoestradas foram fechadas, os serviços ferroviários de alta velocidade para Ishikawa foram suspensos, enquanto a companhia aérea japonesa ANA desviou aviões com destino aos aeroportos de Toyama e Ishikawa e a Japan Airlines cancelou a maioria dos seus serviços para as regiões de Niigata e Ishikawa. Milhares de pessoas iam passar a noite em escolas e outros edifícios públicos.

Em Kanazawa, um destino turístico da região de Ishikawa, Ayako Daikai contou à Reuters que ela, o marido e os filhos foram para uma escola perto de casa após o primeiro terremoto e que as instalações estavam cheias com outras pessoas que procuraram ali abrigo. “Eu também vivi o Grande Terremoto de Hanshin [em 1995] e pensei que seria mais seguro sair de casa. Ainda não decidimos quando voltaremos”, referiu a mesma moradora.

Outra das recordações do sismo de 2011 é o desastre de Fukushima, mas ontem o porta-voz do governo, Yoshimasa Hayashi, disse que não tinham sido registadas anomalias nas centrais nucleares do país, embora ainda estivessem a “avaliar danos humanos e físicos”.

Um transformador elétrico chegou a incendiar-se na central nuclear de Shiga, a mais próxima do epicentro do sismo, mas as chamas foram extintas e a central não foi afetada.

ana.meireles@dn.pt

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