A ministra da Defesa espanhola pediu esta segunda-feira ao presidente da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, que se “dedique a coordenar adequadamente” a resposta à emergência provocada pelo mau tempo, considerando que talvez a situação “não esteja a ser o melhor coordenada possível”. A crítica de Margarita Robles veio numa altura em que aumenta a pressão sobre o líder valenciano e quando já estão no terreno 7800 militares. A tempestade deslocou-se para norte, causando o caos em Barcelona e noutras áreas da Catalunha. .Debaixo de fogo desde o primeiro momento devido ao aviso tardio à população, que chegou aos telemóveis de muitos valencianos quando já tinham as casas alagadas ou estavam a ser arrastados pelas águas, Mazón é também atacado pela resposta à emergência. A ministra criticou que não tenha tido uma palavra de agradecimento aos militares que estão no terreno, “lado a lado, a trabalhar, a fazer tudo o possível para tentar resolver uma situação que talvez não esteja a ser o melhor coordenada possível”. .O líder da Comunidade Valenciana, do Partido Popular (PP), declarou o nível 2 de emergência, mantendo a resposta à tragédia sob a sua alçada. Só em caso de ser declarada emergência nacional é que passa a ser o governo central o responsável pela coordenação. Algo que o próprio líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, defende que devia acontecer, o que na prática significaria desautorizar agora Mazón e passar o comando para o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska..O tenente-general da Unidade Militar de Emergência (UME), Javier Marcos, responsável pelas Forças Armadas enviadas para o terreno, lembrou esta segunda-feira que desde o primeiro minuto que estão à disposição da Comunidade Valenciana. Mas que precisava de autorização para entrar. “Posso ter mil soldados na porta de emergência, mas não posso entrar legalmente até o diretor da emergência me autorizar”, reforçou, garantindo ter sido um “escrupuloso cumpridor da legislação em matéria de emergência”..Mazón respondeu dizendo que pediu “toda a ajuda possível” à UME às 15.21 de terça-feira, antes da “revolução meteorológica” que já matou mais de 200 pessoas na região. O líder valenciano alegou ainda, numa entrevista à COPE, que uma vez pedida ajuda, são os militares que decidem quantos meios destacar e o que faz falta, não sendo necessária “qualquer ordem política”. As buscas pelos desaparecidos - cujo número não é revelado pelas autoridades - continuam. .Perante a situação no terreno e a quantidade de meios já mobilizados, o tenente-general defendeu ser necessário “disciplina” na atuação, para não aumentar o caos. E sublinhou compreender e partilhar “o sentimento das pessoas afetadas” de que demorou ou continua a demorar a assistência de que precisam. Falou contudo de uma situação de “grande complexidade”, com uma “terrível destruição de infraestruturas” que dificultou e continua a dificultar a mobilidade das equipas de emergência. .O sentimento de desespero foi visível no domingo, durante a visita dos reis a uma das zonas mais afetadas, em Paiporta. Os monarcas, que iam acompanhados pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez, e pelo líder da Comunidade Valenciana foram alvo de insultos e atingidos com lama. Um tribunal já abriu uma investigação aos incidentes, podendo estar em causa crimes de atentado, desordem pública e danos. Há suspeitas do envolvimento de organizações de extrema-direita, algo que o ministro do Interior evitou confirmar, falando apenas de uma “minoria violenta”. .Mau tempo na Catalunha.A tempestade fez-se sentir esta segunda-feira de manhã na Catalunha, com o governo regional a emitir alertas devido às “chuvas continuadas e torrenciais”. Várias estradas ficaram alagadas e o serviço regional de comboios foi interrompido. O aeroporto de Barcelona foi afetado, com inundações registadas em algumas áreas e com mais de 80 voos cancelados ou desviados, Ao longo do dia, houve mais de 2700 pedidos de ajuda para o 112. .Na segunda-feira à noite, a agência de meteorologia espanhola retirou todos os alertas para a Comunidade Valenciana, mantendo apenas um laranja para Tarragona e amarelo para o resto da Catalunha, além de Aragão e Estremadura. A DANA, como se conhece este fenómeno climático, estará a acabar. .susana.f.salvador@dn.pt