Dan tomou posse como presidente da Roménia esta segunda-feira.
Dan tomou posse como presidente da Roménia esta segunda-feira.ROBERT GHEMENT /EPA

Roménia. Os desafios do novo presidente Nicusor Dan

Escolher um primeiro-ministro e recuperar uma economia que tem o maior défice em termos de Produto Interno Bruto da União Europeia são alguns dos desafios que Dan tem a partir desta segunda-feira.
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Nicusor Dan tomou posse esta segunda-feira como presidente da Roménia, depois de ter vencido na segunda volta de 18 de maio, com 53,6% dos votos, o candidato de extrema-direita George Simion, que continua a alegar que as eleições são ilegítimas. No seu primeiro discurso como chefe de Estado, Dan prometeu abrir “um novo capítulo” no país e ser um presidente “aberto à voz da sociedade”, apelando “aos partidos políticos para que atuem no interesse nacional.”

“O Estado romeno precisa de uma mudança fundamental no Estado de Direito, e convido-vos a continuarem envolvidos para exercer pressão positiva sobre as instituições estatais para que se reformem”, disse ainda, afirmando que vai resolver os problemas políticos e económicos da Roménia.  

O primeiro desafio do, até agora, presidente da Câmara de Bucareste é nomear um primeiro-ministro que consiga apoios suficientes para formar um governo que substituirá o atual executivo demissionário. Ontem era referido pelos media locais que Nisucor Dan iria encontrar-se com o senador Ilie Bolojan, líder do Partido Nacional Liberal e que nos últimos três meses ocupou o cargo de presidente interino, um nome apontado como potencial primeiro-ministro. 

Logo depois de vencer as eleições, Dan referiu que pretendia completar a formação de um novo governo em três ou quatro semanas, mas a tarefa não será fácil, já que nenhum partido tem maioria no Parlamento, onde a extrema-direita tem cerca de 32% dos lugares, e o Partido Social-Democrata, que venceu as legislativas de dezembro com 22%, está fragilizado, embora seja ainda o partido de referência no país. Caso o PSD prefira ficar fora do próximo executivo, o cenário mais provável será uma coligação minoritária.

A sua tarefa imediata passará também pela construção de uma economia com um défice de 7,5% do Produto Interno Bruto, o maior da União Europeia, ao mesmo tempo que orientará a política externa “numa altura em que o contexto regional para a Roménia nunca foi tão perigoso, dada a guerra contínua da Rússia na Ucrânia”, como refere Anca Agachi, bolseira da Iniciativa de Segurança Transatlântica e analista de Política de Defesa na RAND Corporation.  

Nicusor Dan não esqueceu as dificuldades económicas que os romenos estão a atravessar no seu discurso desta segunda-feira, afirmando que “o Estado romeno está a gastar mais do que pode pagar”, sublinhando ainda que “é do interesse nacional que a Roménia envie uma mensagem de estabilidade aos mercados financeiros”, mas devendo também “enviar um sinal de abertura e previsibilidade ao ambiente de investimento.”

Quanto à política externa, há que ter em conta que a Roménia tem no seu território uma forte presença da NATO, aliás, em breve será a casa da maior base militar da Aliança na Europa, além de fazer fronteira com a Ucrânia. Dan, um defensor do apoio a Kiev e do aumento da independência europeia em termos de Defesa, disse ao Politico, já depois da sua eleição, que pretende ter um papel mais “ativo” em termos da União Europeia, ao contrário do que, segundo diz, aconteceu nos últimos anos. Um dos exemplos que deu é a negociação do Quadro Financeiro Plurianual e da Política Agrícola Comum, durante a qual promete ser mais interventivo na “promoção do interesse romeno”. 

O novo presidente referiu ainda ao Politico que, apesar de defender o apoio europeu à Ucrânia, não pretende que o país faça parte de uma futura força de manutenção de paz, pois, afirmou: “Penso que não seria muito apropriado, por causa da tensão que já existe entre a Roménia e a Rússia.”

Para ter sucesso a longo prazo, refere ainda Anca Agachi, “Dan terá de enfrentar as causas profundas do descontentamento não-abordadas", como a pobreza, a corrupção e a desconfiança nas instituições estatais, "que deram oxigénio aos partidos de extrema-direita, em primeiro lugar, e levaram a Roménia à beira do desastre".

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