Reveladas novas informações sobre as últimas horas do Titanic após análise a réplica 3D do navio (com vídeos)
"O Titanic é a última testemunha ocular sobrevivente do desastre, e ainda tem histórias para contar”, afirmou Parks Stephenson, analista do navio, cuja réplica em 3D forneceu novas informações sobre as últimas horas da embarcação, antes do trágico acidente em 1912, durante a sua viagem inaugural.
A análise detalhada da réplica em tamanho real, feita em computador, permitiu revelar novos dados sobre a violência com que o navio se partiu ao meio enquanto afundava, após colidir com um iceberg na madrugada de 15 de abril de 1912, avançou na terça-feira, em exclusivo, a BBC. 1500 pessoas perderam a vida na tragédia.
Partindo da análise de uma das salas das caldeiras, confirmou-se, por exemplo, os relatos de testemunhas que davam conta de que os engenheiros trabalharam até ao fim para manter as luzes do navio acesas.
Outra informação que a análise à réplica de tamanho real sugere, através de uma simulação de computador, é a de que o naufrágio do famoso navio foi provocado por perfurações no casco do tamanho de folhas A4, indica ainda a emissora britânica.
Os novos detalhes sobre as últimas horas do Titanic são o resultado de um trabalho de digitalização que pode ser visto no novo documentário da National Geographic e da Atlantic Productions, o Titanic: The Digital Resurrection (Titanic: A Ressurreição Digital, em tradução livre).
O navio, que está a 3800 metros de profundidade nas águas geladas do Atlântico, foi cartografado com recurso a robôs subaquáticos, tendo sido usadas mais de 700 mil imagens, captadas de todos os ângulos, para criar a réplica 3D de tamanho real do Titanic, explica a BBC, que, em 2023, deu a conhecer este trabalho.
“Utilizámos algoritmos numéricos avançados, modelação computacional e capacidades de supercomputação para reconstruir" os momentos em que o Titanic foi ao fundo, disse o professor Jeom-Kee Paik, que liderou a investigação, à mesma publicação.
Explica a emissora britânica que o que resta do Titanic está na escuridão do Atlântico, sendo que os destroços são de grande dimensão, pelo que o uso de submersíveis para a exploração do navio apenas permite ter uma visualização limitada. A digitalização, porém, consegue disponibilizar uma visualização completa do navio, cujo naufrágio já deu origens a vários documentários e ao conhecido Titanic, filme protagonizado por Leonardo Dicaprio e Kate Winslet.
“É como uma cena de crime: é preciso ver quais são as provas e em que contexto se encontram. Ter uma visão completa da totalidade do local do naufrágio é fundamental para compreender o que aconteceu aqui”, indicou Parks Stephenson, citado pela BBC.
A análise à réplica 3D dá a conhecer em grande plano detalhes dos destroços do navio que está no fundo do oceano Atlântico, um dos quais está relacionado com uma vigia, que terá sido destruída na colisão com o icebergue. Relatos de sobreviventes disseram que entrou gelo em alguns camarotes durante o embate.
A réplica mostra que algumas das caldeiras são côncavas, o que sugere que ainda estavam a funcionar quando foram submersas.
"No convés da popa, foi também descoberta uma válvula em posição aberta, indicando que o vapor continuava a fluir para o sistema de produção de eletricidade", escreve a BBC.
Os especialistas acreditam que tal deve ter acontecido devido a uma equipa de engenheiros, que ficou para trás para colocar carvão nas fornalhas e manter as luzes acesas.
O analista Parks Stephenson disse que todos morreram no desastre, mas as suas ações heróicas salvaram muitas vidas.
"Eles mantiveram as luzes e a energia a funcionar até ao fim, para dar tempo à tripulação de lançar os botes salva-vidas com alguma luz, em vez de o fazerem na escuridão total”, disse.
A simulação por computador mostra que o navio ficou com perfurações, alinhadas ao longo de uma zona estreita do casco, uma vez que o Titanic colidiu de raspão com o bloco de gelo. “A diferença entre o Titanic afundar-se ou não resume-se a margens muito pequenas, buracos com o tamanho de uma folha de papel”, comentou Simon Benson, professor de arquitetura naval na Universidade de Newcastle.
Os danos provocados pelo iceberg afetaram seis compartimentos, segundo a digitalização.
“O problema é que esses pequenos buracos estão distribuídos ao longo de uma grande extensão do navio, por isso, a água vai entrando lentamente, mas de forma contínua, por todos esses pontos, até que os compartimentos acabam por ser inundados por cima e o Titanic afunda-se”, explicou o especialista.
Prevê-se que novas informações sobre o navio que naufragou no início do século XX sejam conhecidas através da réplica 3D em tamanho real, mas os cientistas vão precisar de anos para as analisar.