Reino Unido. Sob pressão, Keir Starmer anuncia plano para recuperar controlo das fronteiras e conter imigração
O primeiro-ministro britânico Keir Starmer anunciou nesta segunda-feira uma nova política de imigração com medidas mais rígidas, prometendo "finalmente retomar o controlo das fronteiras" do Reino Unido. A iniciativa tem como objetivo conter o aumento da imigração e responder à crescente pressão da direita nesta matéria, especialmente após o bom desempenho do partido Reform UK, de Nigel Farage, nas recentes eleições locais.
"Prometi restaurar o controlo e reduzir a imigração, e estou a cumprir com medidas duras", afirmou Starmer, em conferência de imprensa em Downing Street, citado pela AFP.
O governo trabalhista divulgou o Livro Branco da Imigração, com diversas mudanças que serão apresentadas ao Parlamento ainda nesta segunda-feira. Entre os principais pontos, está o aumento do tempo mínimo de residência para solicitar cidadania britânica — de cinco para dez anos. Além disso, haverá exigências mais rigorosas de conhecimento da língua inglesa. "Quando as pessoas vêm para nosso país, também se devem comprometer com a integração e com a aprendizagem da nossa língua", declarou o primeiro-ministro britânico.
Outras medidas deste novo plano de imigração incluem regras mais rígidas para vistos de trabalho, estudo e reunião familiar, poderes ampliados para deportar estrangeiros condenados por crimes, mesmo sem pena de prisão, redução de 50 mil vistos para trabalhadores menos qualificados ainda este ano, exigência de diploma universitário para trabalhadores estrangeiros que queiram praticar no Reino Unido e uma via rápida para profissionais altamente qualificados como médicos, engenheiros, especialistas em IA, entre outros.
A ministra do Interior, Yvette Cooper, disse que o plano é uma “reforma radical” e criticou o modelo anterior: "Durante anos, o sistema incentivou empresas a trazer trabalhadores mal pagos, em vez de investir nos nossos próprios jovens"
O governo de Starmer também enfrenta críticas por não controlar as travessias perigosas pelo Canal da Mancha, que resultaram já em mais de 80 mortes neste ano, incluindo crianças.
O primeiro-ministro trabalhista adiantou ainda que mais de 24 mil pessoas sem autorização de permanência foram já deportadas desde as eleições gerais de julho passado — o maior número em oito anos.