Reino Unido proíbe investimentos e aperta sanções à Rússia
Sanções incluem "um congelamento completo dos ativos" do principal banco russo, o fim das importações de carvão e petróleo russo até o final do ano e visam oito empresários, incluindo o magnata Leonid Mikhelson, que dirige o grupo de gás Novatek.
O Reino Unido proibiu esta quarta-feira futuros investimentos britânicos na Rússia e apertou as sanções económicas ao país na sequência do alegado massacre de civis na Ucrânia, visando os setores bancário, da energia e mais oligarcas.
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As novas medidas anunciadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico incluem "um congelamento completo dos ativos" do principal banco russo (Sberbank), o fim das importações de carvão e petróleo russo até o final do ano e sanções visando oito empresários, incluindo o magnata Leonid Mikhelson, que dirige o grupo de gás Novatek.
O novo pacote de sanções surge na sequência de "notícias de ataques abomináveis a civis na Ucrânia", numa referência ao alegado massacre ocorrido na cidade de Bucha, perto da capital ucraniana, Kiev.
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Além do Sberbank, também foi ordenado um congelamento de ativos do Credit Bank of Moscow, elevando para 18 o número de bancos russos sancionados pelo Reino Unido.
A proibição de novos investimentos na Rússia, indica o Ministério britânico num comunicado, "será outro grande golpe para a economia russa", pois em 2020 o investimento britânico no mercado russo foi superior a 11.000 milhões de libras (13.000 milhões de euros).
O Governo britânico anunciou ainda a proibição da importação de produtos de ferro e aço da Rússia, indicando também que pretende acabar com a dependência de carvão e petróleo russos até ao final de 2022 e de gás "o mais rápido possível".
Ainda no setor da energia, vai proibir a exportação de equipamentos e catalisadores de refinação de petróleo, debilitando a capacidade da Rússia de produzir e exportar petróleo.
Por fim, Londres incluiu na lista de centenas de russos já sancionados mais oito oligarcas, incluindo Viatcheslav (Moshe) Kantor, o maior acionista da empresa de fertilizantes Acron, Andrey Guryev, fundador da produtora de fertilizantes PhosAgro, Sergey Kogogin, diretor da construtora de veículos, incluindo militares, Kamaz, e Sergey Sergeyevich Ivanov, presidente do maior produtor mundial de diamantes, Alrosa.
Outros visados pelo congelamento de bens e proibição de viagens são Andrey Akimov, presidente do terceiro maior banco da Rússia, Gazprombank, Aleksander Dyukov, presidente do terceiro maior produtor de petróleo estatal da Rússia, GazpromNeft, e Boris Borisovich Rotenberg, filho do coproprietário da maior produtora de gasodutos da Rússia, SGM.
"Juntamente com os nossos aliados, estamos a mostrar à elite russa que não podem lavar as mãos das atrocidades cometidas por ordem de [Vladimir] Putin"
A família Rotenberg e outros destes empresários são conhecidos por terem uma ligação próxima ao Presidente russo, Vladimir Putin.
Ao todo, 82 oligarcas russos e familiares estão sujeitos a sanções do Reino Unido, mas se incluirmos políticos, a lista ultrapassa as 500 pessoas.
"Juntamente com os nossos aliados, estamos a mostrar à elite russa que não podem lavar as mãos das atrocidades cometidas por ordem de [Vladimir] Putin", disse hoje a ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Liz Truss.
A chefe da diplomacia britânica disse que vai propor na reunião com os seus homólogos dos países do G7 (as sete maiores economias do mundo), na quinta-feira em Bruxelas, "mais ação coletiva, incluindo um calendário acelerado para que todos os países do G7 acabem com a dependência da energia russa".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.563 civis, incluindo 130 crianças, e feriu 2.213, entre os quais 188 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.