Durão Barroso, antigo presidente da Comissão Europeia.
Durão Barroso, antigo presidente da Comissão Europeia. EDUARDO COSTA/LUSA

“Putin deu um grande contributo para tornar a NATO grande outra vez”, garante Durão Barroso

Antigo presidente da Comissão Europeia fez conferência de encerramento do Sister Cities Summit, em Ponta Delgada, iniciativa da FLAD que junta autarcas de cidades geminadas portuguesas e americanas.
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Num discurso que começou em português e prosseguiu em inglês, José Manuel Durão Barroso garantiu que a última cimeira da NATO, esta semana em Haia, "foi um sucesso, com os Estados-membros a comprometerem-se com o investimento de 3,5% no núcleo da defesa, mas também com os 5% em despesas relacionadas com a segurança". Embora, o antigo presidente da Comissão Europeia admita que "sinceramente, tenha algumas dúvidas sobre como atingir esses objetivos, digamos, a médio prazo."

Na conferência de encerramento do Sister Cities Summit, em Ponta Delgada, uma iniciativa da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) que juntou autarcas de cidades geminas portuguesas e americanas nos Açores, Durão Barroso lembrou que agora que já não está na política ativa pode falar com ainda mais sinceridade. E o antigo primeiro-ministro português sublinhou que "hoje a NATO continua a ser, de longe, a aliança de defesa mais bem-sucedida da história. E devemos mantê-la, porque é do nosso interesse, sem dúvida. E quando digo 'nosso', refiro-me não só aos europeus, mas também aos norte-americanos, incluindo, claro, os Estados Unidos e o Canadá."

Lembrando que antes da invasão russa da Ucrânia, seria impensável imaginar a adesão à Aliança Atlântica da Finlândia ou da Suécia, a verdade é que esta aconteceu. "Agora, a maior fronteira que a Rússia partilha com a Europa não é com a Ucrânia, é com a Finlândia. Portanto, na verdade, o senhor Putin deu um grande contributo para tornar a NATO grande outra vez."

Para o atual presidente não-executivo do Banco Goldman Sachs International, apesar da ameaça que a guerra na Ucrânia representa para a Europa, "não podemos só olhar para Leste. Temos de considerar os riscos vindos do Sul. E temos de considerar o espaço geoatlântico. E os Açores são a melhor expressão dessa posição geoestratégica".

O antigo dirigente sublinhou também que "enganam-se os que acham que diminuiu a importância estratégica da Base das Lajes". E recordou ter sido ele, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, a assinar, há 30 anos, o acordo de cooperação e defesa com os EUA que definiu os termos de utilização da base pelas forças armadas norte-americanas.

Recordando que sempre viu a eleição de Donald Trump para um segundo mandato nos EUA como "uma oportunidade", Durão Barroso reforçou a ideia de que a Europa tem de se defender - "é altura de os europeus fazerem os seus trabalhos de casa e deixarem de culpar os outros".

Diante de uma plateia onde, além do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, e do presidente da FLAD, Nuno Morais Sarmento, também o ouviam os autarcas americanos e portuguesse, Durão Barroso rematou sublinhando que a relação entre a Europa e os EUA "não é só política e economia, são as pessoas.".

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