Puigdemont sai da política se perder Generalitat
Carles Puigdemont garantiu ontem que deixará a “política ativa” se falhar a eleição para a presidência da Generalitat na sequência das eleições da Catalunha, marcadas para 12 de maio. Na opinião do candidato do Junts per Catalunya não faz sentido exercer outro cargo no âmbito do govern catalão ou noutras entidades. “Não me vejo como líder da oposição”, declarou o atual eurodeputado em entrevista à RAC1. “Alguém que já foi presidente da Generalitat não pode estar no Senado ou no conselho de administração de uma grande empresa”.
Puigdemont anunciou a sua candidatura às eleições catalãs há cerca de três semanas numa conferência de imprensa realizada em Elna, no sul de França, país onde se encontra agora a viver depois de ter estado exilado na Bélgica sete anos, desde o referendo independentista de 2017, em fuga da justiça espanhola. Ontem garantiu que estará em Barcelona para a investidura - quer ganhe ou não, embora admita estar a “preparar o discurso de vitória” - e não antes disso, mesmo que entretanto entre em vigor a Lei da Amnistia.
“Regressarei à Catalunha no dia do debate de investidura. É um ato mais de país do que de partido, fora do contexto eleitoral e com sentido institucional”, assegurou o antigo presidente da Generalitat (cargo que ocupou entre janeiro de 2016 e o seu afastamento por parte do governo espanhol, na sequência da declaração unilateral de independência da Catalunha após o referendo, em outubro de 2017).
Olhando para um possível cenário pós-eleitoral, Carles Puigdemont garantiu que não negociará com o Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC). “Só quero ter maioria no Parlament se for independentista, não procurarei um acordo com o PSC e não creio que o PSC o tente fazer comigo. Outra coisa é que façamos acordos lei a lei e temos a intenção de falar com todos, mas a maioria parlamentar tem de assentar num projeto claramente independentista”, acrescentou na mesma entrevista, referindo-se à ERC, que atualmente lidera a Generalitat.
Na segunda-feira, o Supremo espanhol convocou Puigdemont para uma audição, em junho, após as eleições catalãs e as europeias, por causa do “Tsunami Democratic” - processo relacionado com distúrbios na Catalunha em 2019, incluindo um bloqueio do aeroporto, pelo movimento autodenominado “Tsunami Democratic”, com a justiça a considerar estarem em causa possíveis crimes de terrorismo que Puigdemont poderá ter incentivado. Um processo que o candidato do Junts diz não o preocupar. “Não me preocupa mais do que o resto das acusações destes seis anos e meio”, garantiu.
Constitucional dá razão a Sánchez
O Tribunal Constitucional espanhol admitiu, por unanimidade, o recurso apresentado pelo governo de Pedro Sánchez e suspendeu a iniciativa legislativa popular do Parlamento da Catalunha na qual era pedida a ativação de um processo de independência da região. Ao aceitar este recurso, a iniciativa é imediatamente suspensa por um período de cinco meses, de acordo com o artigo 161.2 da Constituição.
Esta iniciativa legislativa popular, apresentada pela coligação Solidaritat Catalana per la Independència, tinha sido aprovada pelo Parlament a 2 de fevereiro, sendo que a 26 de março o governo de Sánchez anunciou que iria apresentar um recurso junto do Tribunal Constitucional a pedir a sua inconstitucionalidade.
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