A presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, cujo mandato termina este mês, garantiu no sábado à noite que vai manter-se no cargo por considerar que o novo Parlamento não tem legitimidade para nomear o seu sucessor. Em resposta, o primeiro-ministro Irakli Kobakhidze disse ontem que ela terá de o fazer..“Não existe um Parlamento legítimo e, portanto, um Parlamento ilegítimo não pode eleger um novo presidente. Assim, nenhuma posse pode ocorrer e o meu mandato continua até que um Parlamento legitimamente eleito seja formado”, declarou Zurabishvili, que, tal como a oposição, exige uma repetição das legislativas realizadas a 26 de outubro, além de ter pedido ao Tribunal Constitucional a anulação do escrutínio. O seu mandato termina no próximo dia 16. .O Parlamento, cujos trabalhos estão a ser boicotados pela oposição, marcou para dia 14 a eleição do novo presidente, que será realizada por um colégio eleitoral com 300 pessoas, metade dos quais deputados, segundo uma recente alteração constitucional..A Geórgia voltou a viver dias de protestos depois de, na quinta-feira, o primeiro-ministro Irakli Kobakhidze ter anunciado que o país vai suspender até final de 2028 as negociações de adesão à União Europeia - um cenário que já tinha sido assumido por Bruxelas devido à deriva anti-democrática assumida pelo governo do Sonho Georgiano - e rejeitando até à mesma data quaisquer subsídios vindos do bloco. Nas mesmas declarações, o líder do executivo acusou os políticos europeus de “usar as subvenções e empréstimos atribuídos como chantagem contra a Geórgia”..No sábado, marcado por mais uma noite de protestos pró-europeus, Kobakhidze acusou os georgianos que estão contra a a suspensão de adesão à UE de planearem uma revolução semelhante aos protestos do Euromaidan na Ucrânia há dez anos e que levaram à deposição do presidente pró-russo Viktor Ianukovytch. “Algumas pessoas querem uma repetição desse cenário na Geórgia. Mas não haverá Maidan na Geórgia”, afirmou Kobakhidze.