Pavel Durov, fundador do Telegram, autorizado a deixar território francês
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Pavel Durov, fundador do Telegram, autorizado a deixar território francês

Empresário russo foi detido em agosto de 2024, em Paris, sob a acusação de “possibilitar atividade criminosa” na sua plataforma de mensagens Telegram.
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Pavel Durov, cofundador e CEO do Telegram, deixou este sábado a França, sete meses após ter sido detido, numa saída temporária autorizada pelas autoridades francesas e que permite ao empresário russo viajar por “várias semanas” para fora do país – o que Durov aproveitou imediatamente para viajar para o Dubai, onde está a sede da empresa.

Durov foi detido em agosto de 2024 no Aeroporto Le Bourget, em Paris, sob a acusação de “possibilitar atividade criminosa” na sua plataforma de mensagens Telegram, muito utilizada na Rússia e noutras ex-repúblicas soviéticas, assim como na América Latina.

As autoridades francesas emitiram um mandado de prisão contra Durov como parte de uma investigação sobre acusações de fraude, tráfico de drogas, crime organizado, lavagem de dinheiro, promoção de terrorismo e abuso sexual infantil, considerando Durov cúmplice desses crimes por se ter recusado a moderar o conteúdo da plataforma.

A detenção de Durov - jovem bilionário de perfil enigmático,  conhecido como o "Mark Zuckerberg russo" - surpreendeu tanto o público quanto a comunidade digital, desencadeou um intenso movimento online exigindo a sua libertação.

Durov foi posto em liberdade condicional, após pagar uma fiança de 5 milhões de euros. No entanto, permaneceu sob rígido controlo judicial em França, com apresentações periódicas e proibição de viajar.

Na última semana, os advogados do empresário conseguiram convencer os juizes a alterarem as suas medidas de coação, autorizando Durov a deixar o país temporariamente.

Segundo escreve a agência Lusa, o Telegram tem aumentado a colaboração com as autoridades em França nos últimos meses. No primeiro trimestre de 2024, a plataforma respondeu a quatro pedidos judiciais, um número que cresceu para 673 nos últimos três meses desse ano.

No primeiro semestre, a plataforma cedeu informações para identificação de mais de 10.000 utilizadores a nível global.

O próprio fundador do Telegram - que nasceu na Rússia e possui várias nacionalidades, incluindo a francesa - disse em tribunal, em dezembro passado, que só sob custódia policial teve consciência de todas as acusações contra a sua plataforma.

O caso da detenção de Pavel Durov reacendeu o debate sobre a responsabilidade das plataformas digitais e a influência que gestores de grandes empresas de tecnologia exercem no cenário internacional.

"Conhecido pelo seu estilo de vida minimalista e um rigoroso regime pessoal focado na clareza mental e na saúde física", segundo Douglas C. Youvan, ex-professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e autor do livro The Russian Jesus: A Beacon of Digital Freedom in an Age of Surveillance, citado pela BBC, Durov fundou duas redes sociais de grande importância: o VKontakte, a maior rede social da Rússia, que lançou aos 22 anos, e o Telegram, um dos serviços de mensagens instantâneas mais populares do mundo.

O sucesso de ambos os projetos fez de Durov um dos ícones tecnológicos mais influentes globalmente, com uma fortuna pessoal avaliada em cerca de 15 mil milhões de euros, segundo a Forbes.

Atualmente com 40 anos, tem cinco filhos, de duas ex-namoradas.

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