É verdade que os Estados Unidos investiram 300 mil milhões de dólares na Ucrânia?Não, mas cerca de um terço. Donald Trump alegou há dias que os EUA gastaram perto dessa quantia na Ucrânia para dizer que é tempo de outros parceiros se chegarem à frente. Na realidade, segundo o Departamento de Estado norte-americano, a assistência militar à Ucrânia cifra-se em 65,9 mil milhões de dólares desde a invasão de 2022 ou em 69,2 mil milhões desde 2014, ano em que a Rússia anexou a Crimeia e iniciou a guerra no leste da Ucrânia, por procuração..Houve outros gastos na ajuda a Kiev?Sem dúvida. Os Estados Unidos assistiram a Ucrânia com 2,8 mil milhões em ajuda humanitária e 33 mil milhões para apoiar o orçamento daquele país, segundo uma análise do Council on Foreign Relations. Contas feitas, 106 mil milhões de dólares. .Os EUA são o país que mais contribuiu para ajudar a Ucrânia?Em termos absolutos, sim, seguidos da Alemanha. Mas se ajustarmos a assistência à dimensão de cada economia, a resposta é negativa. Em junho de 2024, os EUA gastavam menos de 0,5% do seu PIB de 2021 na Ucrânia, atrás das instituições europeias e de 13 países, todos do norte e leste europeu, além do Reino Unido. A Estónia liderava o esforço, ao canalizar mais de 3% do seu produto em ajuda militar e humanitária. Além disso, se analisarmos a ajuda europeia como um todo, não. De acordo com o Instituto Kiel para a Economia Mundial (IFW), o continente europeu despendeu 124,7 mil milhões, entre ajuda bilateral e instituições europeias, incluindo ajuda aos refugiados..A ajuda militar dos EUA é um fardo ou um investimento?Para lá das questões geopolíticas, a assistência militar dos EUA beneficiou na sua essência o chamado "complexo industrial-militar" do país. Ao despachar armamento armazenado para a Ucrânia, o Pentágono teve de encomendar a sua substituição a empresas norte-americanas, enquanto os aliados são atraídos a encomendar armas made in USA. Quase 70% da ajuda total dos EUA à Ucrânia desde a invasão da Rússia em 2022 foram gastos nos EUA ou em forças norte-americanas, de acordo com um estudo do American Enterprise Institute.