O presidente da Finlândia anunciou que podem decorrer negociações para um cessar-fogo na próxima semana no Vaticano. Em Moscovo, horas antes, o porta-voz do Kremlin assegurou que o seu país não está a ganhar tempo, como na véspera acusaram vários dirigentes europeus. Em Ierevan, na capital da Arménia, o chefe da diplomacia russa disse que a Rússia não aceita um cessar-fogo porque este serviria para “rearmar discretamente a Ucrânia, de modo a que esta possa reforçar as suas posições defensivas”, disse Sergei Lavrov. Segundo declarações do finlandês Alexander Stubb aos jornalistas, citadas pela emissora pública Yle, a nova ronda de negociações, desta feita com vista a uma pausa nas hostilidades, decorrerá ao nível técnico e poderá acontecer a partir de dia 26 no Vaticano. Stubb fez parte do grupo de líderes europeus que falaram ao telefone com Donald Trump no final da conversa mantida entre o norte-americano e o homólogo russo, na segunda-feira. No seguimento da primeira reunião entre delegações da Ucrânia e da Rússia em Istambul, no dia 16, o papa Leão XIV fez saber que o Vaticano estava interessado em receber um encontro direto entre as duas partes. “A Santa Sé está sempre pronta a ajudar a aproximar os inimigos face a face. Aqueles que fazem a história são os artífices da paz”, disse o pontífice norte-americano na semana passada. Leão XIV apontou a paz na Ucrânia como uma das suas prioridades. Depois de ter falado ao telefone com o presidente Volodymyr Zelensky, recebeu-o em audiência privada no domingo, após a missa de início do pontificado, na qual apelou para uma “paz autêntica e duradoura”. Dos EUA também recebeu o vice-presidente J.D. Vance e o secretário de Estado Marco Rubio. Trump, na sua mensagem no Truth Social após a conversa de duas horas com Vladimir Putin, disse que as negociações entre Rússia e Ucrânia iriam prosseguir “de imediato” e que “o Vaticano, representado pelo papa, declarou que estaria muito interessado em acolher as negociações”. Ao mesmo tempo, pôs-se de fora, ao dizer que as condições para um cessar-fogo “serão negociadas entre as duas partes, como só pode ser, porque elas conhecem pormenores de uma negociação que mais ninguém conhece”. A hipótese da saída de cena dos EUA, ou pelo menos de Trump, tem vindo a ganhar terreno em parte assentes nas declarações do próprio, da porta-voz da Casa Branca, mas também de Vance e de Rubio. No entanto, segundo o presidente finlandês, não é isso que está a acontecer, apenas que “agora há mais mediadores” quando “anteriormente só os EUA tiveram esse papel, mas agora a Europa também já está envolvida”, o que, na sua opinião, é um desenvolvimento positivo.Em Moscovo, o porta-voz do Kremlin negou que a Rússia esteja a ganhar tempo sem querer pôr fim à guerra, como Zelensky, a chefe da diplomacia europeia Kaja Kallas ou o ministro alemão Boris Pistorius acusaram na véspera. “Ninguém tem qualquer interesse em arrastar o processo. Todos estão a trabalhar de forma dinâmica”, garantiu Dmitri Peskov.Por parte da UE resta continuar a exercer pressão com as sanções económicas contra a Rússia. Um dia depois de o 17.º pacote de sanções ter sido aprovado, Zelensky conversou com o presidente do Conselho Europeu e disse que os preparativos para o 18.º estão a decorrer. “António [Costa] confirmou que, se a Rússia recusar um cessar-fogo, essas sanções serão aplicadas”, disse nas redes sociais. Segundo o ucraniano, as sanções devem atingir os setores da energia e da banca, mas também apertar ainda mais a malha à frota fantasma de petroleiros. Segundo a Reuters, Kiev vai entregar a Bruxelas um documento com propostas para isolar ainda mais Moscovo, incluindo o envio para a Ucrânia de ativos apreendidos a indivíduos sob sanções ou a introdução de sanções secundárias aos compradores de petróleo russo, o que inclui a China e a Índia.