Nobel da Física destaca contributos na área do clima e dos sistemas físicos
Syukuro Manabe, Klaus Hasselmann e Giorgio Parisi foram distinguidos com o prémio Nobel da Física pelas "contribuições inovadoras para a nossa compreensão de sistemas físicos complexos".
O prémio Nobel da Física foi atribuído esta terça-feira a Syukuro Manabe, Klaus Hasselmann e Giorgio Parisi. Estes três cientistas foram distinguidos pelas "contribuições inovadoras para a nossa compreensão de sistemas físicos complexos".
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O anúncio foi feito em Estocolmo pelo secretário-geral da Real Academia Sueca das Ciências, Goran Hansson.
O norte-americano nascido no Japão Syukuro Manabe, de 90 anos, e o alemão Klaus Hasselmann, de 89 anos, receberam o Nobel da Física "pela modelagem física do clima da Terra, quantificando a variabilidade e prevendo com segurança o aquecimento global", lê-se no comunicado do comité Nobel.
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Já o italiano Giorgio Parisi, de 73 anos, foi distinguido "pela descoberta da interação da desordem e das flutuações nos sistemas físicos de escalas atómicas a planetárias".
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The Royal Swedish Academy of Sciences has decided to award the 2021 #NobelPrize in Physics to Syukuro Manabe, Klaus Hasselmann and Giorgio Parisi "for groundbreaking contributions to our understanding of complex physical systems." pic.twitter.com/At6ZeLmwa5
Para o comité Nobel, Syukuro Manabe e Klaus Hasselmann "estabeleceram a base do nosso conhecimento do clima da Terra e como a humanidade o influencia".
O italiano Giorgio Parisi é distinguido "pelas suas contribuições revolucionárias para a teoria de materiais desordenados e processos aleatórios", acrescentou.
"As descobertas reconhecidas este ano demonstram que o nosso conhecimento sobre o clima apoia-se numa base científica sólida, numa análise rigorosa das observações", disse Thors Hans Hansson, presidente do Comité Nobel da Física.
"Os laureados deste ano contribuíram todos para que adquiríssemos uma visão mais profunda das propriedades e evolução de sistemas físicos complexos", acrescentou.
Manabe lançou as bases para o desenvolvimento dos modelos climáticos atuais
Segundo a academia, "os sistemas complexos são caracterizados pela aleatoriedade e desordem e são difíceis de compreender. O prémio deste ano reconhece novos métodos para os descrever e prever o seu comportamento a longo prazo".
Syukuro Manabe demonstrou como o aumento dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera leva ao aumento das temperaturas na superfície da Terra.
Nos anos 1960, liderou o desenvolvimento de modelos físicos do clima da Terra e foi o primeiro a explorar a interação entre o equilíbrio da radiação e o transporte vertical das massas de ar.
O seu trabalho lançou as bases para o desenvolvimento dos modelos climáticos atuais.
Cerca de 10 anos mais tarde, Klaus Hasselmann criou um modelo que liga o tempo e o clima, respondendo assim à questão de porque é que os modelos climáticos podem ser fiáveis apesar de o tempo ser mutável e caótico.
Métodos de Hasselmann usados para provar que o aumento da temperatura na atmosfera deve-se às emissões humanas de dióxido de carbono
O oceanógrafo e modelador climático alemão desenvolveu também métodos para identificar sinais específicos, impressões digitais, que tanto os fenómenos naturais como as atividades humanas imprimem no clima.
Os seus métodos têm sido utilizados para provar que o aumento da temperatura na atmosfera é devido às emissões humanas de dióxido de carbono.
Quanto ao físico Giorgio Parisi, por volta de 1980 descobriu padrões ocultos em materiais complexos desordenados, destaca a Real Academia Sueca das Ciências.
As suas descobertas estão "entre as mais importantes contribuições para a teoria dos sistemas complexos", pois tornam possível compreender e descrever muitos materiais e fenómenos diferentes e aparentemente inteiramente aleatórios, não só em física mas também noutras áreas muito diferentes, tais como matemática, biologia, neurociências e aprendizagem de máquinas.
Syukuro Manabe nasceu em 1931 em Shingu, Japão, doutorou-se em 1957 pela Universidade de Tóquio, e é Meteorologista Sénior da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.
Nascido em 1931, na cidade alemão de Hamburgo, Klaus Hasselmann, é doutorado pela Universidade de Göttingen (1957) e é professor no Instituto Max Planck de Meteorologia, Hamburgo.
Giorgio Parisi nasceu em 1948 em Roma, Itália, e é doutorado, desde 1970, pela Universidade Sapienza de Roma, onde é também professor.
O prémio tem um montante global de cerca de 950 mil euros (10 milhões de coroas suecas), sendo uma metade para Syukuro Manabe e Klaus Hasselmann e a outra metade para Giorgio Parisi.
Em 2020, o Nobel da Física distinguiu descobertas sobre os buracos negros
Em 2019, o norte-americano James Peebles, recebeu o Nobel da Física pelo trabalho pioneiro em cosmologia, na área da radiação cósmica de fundo, juntamente com os suíços Michel Mayor e Didier Queloz, que foram distinguidos pela descoberta do primeiro exoplaneta em 1995.
Já em 2020, o prémio foi para Roger Penrose "pela descoberta de que a formação de buracos negros é uma predição robusta da teoria da relatividade geral" e para Reinhard Genzel e Andrea Ghez "pela descoberta de um objeto compacto supermassivo no centro da nossa galáxia".
Na quarta-feira vai ser atribuído o Nobel da Química e no dia seguinte o da Literatura. Na sexta-feira, o comité revela o vencedor do Nobel da Paz.
O último anúncio será feito no dia 11 de outubro (segunda-feira) e determinará o vencedor do Nobel da Economia.
Os prémios Nobel nasceram da vontade do cientista e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896) em legar grande parte da sua fortuna a pessoas que trabalhem por "um mundo melhor". O prestígio internacional dos prémios Nobel deve-se, em grande parte, às quantias atribuídas, que atualmente chegam aos dez milhões de coroas suecas (mais de 953 000 euros).
Com AFP e Lusa