O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu ontem mandados de captura internacional por crimes de guerra e crimes contra a humanidade para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o ministro da Defesa de Israel até dia 5, Yoav Gallant, e o chefe do braço militar do Hamas, Mohammed Diab Ibrahim Al-Masri (Deif), sendo que este último foi dado como morto por Israel em julho, estando o tribunal a investigar se tal se confirma. Segundo indicações dadas ontem pelo TPI, continuam a ser investigados crimes neste conflito e está previsto que sejam apresentados novos pedidos de mandados de detenção. .Mandados criticados por Israel, com o gabinete do primeiro-ministro a dizer que se tratam de “mentiras absurdas e falsas”, que esta é uma decisão “antissemita” e garantindo que o país “não cederá à pressão, não será dissuadido e não recuará” até que todos os objetivos de guerra sejam alcançados. O Hamas saudou a decisão, tomada por unanimidade, referindo que “a justiça internacional está connosco e contra a entidade sionista”..A decisão do TPI limita teoricamente as viagens de Benjamin Netanyahu, uma vez que qualquer um dos 124 Estados-membros do tribunal fica obrigado a prendê-lo no seu território. Algo que foi referido ontem pelo líder da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, ao sublinhar que esta “não é uma decisão política”. “É uma decisão de um tribunal internacional de justiça. E a decisão do tribunal deve ser respeitada e aplicada”, disse, recordando que todos os países da UE reconhecem o TPI. Itália, Países Baixos, França, mas também o Canadá e a Jordânia, já manifestaram a sua disponibilidade para executar os mandados..A grande questão é que, além de Israel, entre os países que não reconhecem a autoridade do TPI estão os Estados Unidos, o grande aliado de Telavive e o único país para onde Netanyahu viajou (por duas vezes) desde que teve início a guerra contra o Hamas, a 7 de outubro de 2023. Ontem, através do Conselho de Segurança Nacional, os EUA garantiram “rejeitar” a decisão do TPI. .E mesmo que o líder israelita viaje para um Estado-membro do tribunal, este pode decidir não executar o mandado, como aconteceu com o presidente russo, Vladimir Putin, em setembro, quando se deslocou à Mongólia, que aguarda agora uma decisão do TPI sobre o caso. .Sobre Netanyahu e Gallant pendem “crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos pelo menos desde 8 de outubro de 2023 e até pelo menos 20 de maio de 2024, dia em que o Ministério Público apresentou os pedidos de mandados de detenção”, segundo indicou o TPI. O mandado de captura contra Deif foi emitido “por alegados crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos no território do Estado de Israel e do Estado da Palestina desde pelo menos 7 de outubro de 2023”, como refere o Tribunal Penal Internacional. .A acusação tinha inicialmente apresentado pedidos de mandados para dois outros líderes do Hamas, Ismail Haniyeh e Yahya Sinwar, entretanto mortos por Israel, anulando assim esta ação.