Mais de 23.200 mortos. Esperança diminui mas ainda há histórias felizes
Pelo menos 19.875 pessoas morreram na Turquia e 3384 na Turquia na sequência do sismo de segunda-feira. Equipas de resgate lutam contra o tempo e ainda encontram sobreviventes, mesmo que tenham de fazer escolhas difíceis para os salvar.
Pelo menos 23.259 pessoas morreram, incluindo 19.875 na Turquia e 3.384 na Síria, na sequência dos sismos ocorridos no sul da Turquia na segunda-feira, indicam esta sexta-feira os últimos balanços oficiais.
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Este terramoto já é o sétimo desastre natural mais mortífero deste século, à frente do sismo e consequente tsunami de 2011 no Japão, que matou 15 690 pessoas. O número de vítimas mortais do abalo desta segunda-feira está a aproximar-se das 31 mil mortes provocadas por um sismo no vizinho Irão em 2003.
Um bebé de dez anos e a mãe foram salvos durante a noite em Samandag, na província de Hatay, depois de terem sido retirados debaixo dos escombros.
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Yağız Ulaş bebek sadece 10 günlük. Depremden 90 saat sonra Hatay Samandağ"da annesi ile birlikte enkazdan çıkarıldı. pic.twitter.com/7jjjEXQfiV
Um adolescente de 17 anos foi retirado ileso esta madrugada, após 94 horas preso nos escombros de um prédio desabado na cidade turca de Gaziantep.
Kazakistan"dan gelen arama kurtarma ekibi, Gaziantep, Nurdağı'nda enkaz altında kalan 3 kişiyi daha sağ çıkardı. #Erdoğan #HilalKaplan #Depremin5 #GamzeÖzçelik #deprem #Kazakhstan #TurkeySyriaEarthquake #OguzhanUgur #istifa #EMASYA #arzuapartmanı pic.twitter.com/MUm1pKfdQz
Embora os especialistas defendam que é possível sobreviver durante uma semana ou mais sob os escombros dos milhares de edifícios destruídos, as esperanças de encontrar pessoas ainda com vida em temperaturas negativas estão a diminuir.

© EPA/STR
Muitas vezes, o resgate envolve sacrifícios e escolhas difíceis.
A agência de notícias turca DHA relatou o resgate de uma criança de 10 anos, em Antakya, em que os médicos tiveram que amputar o seu braço para libertá-la, numa tragédia que já tinha vitimado os seus país e três irmãos.
Na mesma cidade, uma adolescente de 16 anos, Melda Adtas, foi encontrada viva. "Minha querida, minha querida!", gritou o seu pai quando os socorristas tiraram a rapariga debaixo dos escombros, perante o aplauso da multidão que assistia ao momento.
Reunião chorosa como meninos pequenos resgatados vivos dos escombros do terremoto em Antakya pic.twitter.com/Modw9NwXcE
Em Adiyaman, jornalistas da AP viram alguém a implorar aos socorristas para olharem através dos escombros de um prédio onde alegadamente estavam presos familiares, com estes a recusarem, defendendo que não estava ninguém vivo naquele local e que tinha de dar prioridade a áreas com possíveis sobreviventes.
Na mesma cidade desabou um hotel onde se encontravam duas dúzias de crianças do norte de Chipre, alguns dos seus pais e professores, que estavam numa viagem escolar para participar num torneio de voleibol na Turquia. De acordo com os últimos dados, pelo menos 19 crianças morreram.
As autoridades turcas referiram que mais de 120 mil equipas de socorro estão a participar nos esforços, com mais de 5.500 veículos, e a ajuda de 95 países, incluindo Portugal e Brasil.
Proud of our NDRF.
In the rescue operations in Türkiye, Team IND-11 saved the life of a six-year-old girl, Beren, in Gaziantep city.
Under the guidance of PM Shri @narendramodi ji, we are committed to making @NDRFHQ the world"s leading disaster response force. #OperationDost pic.twitter.com/vPwHO6vqvv
Aos poucos, a azáfama das equipas de resgate e de familiares para analisar os escombros, resultando ocasionalmente em salvamentos, começa a mudar para um foco na demolição de estruturas perigosamente instáveis.
Não é possível saber quantas pessoas ainda estão desaparecidas em ambos os países.

© EPA/ABIR SULTAN
Em Gaziantep, onde chegam a estar temperaturas negativas, milhares de famílias tiveram que passar a noite em carros e barracas improvisadas, mas havia pais que andavam pelas ruas a carregar os filhos enrolados em cobertores porque era mais quente do que se estivessem sentados numa barraca. Ginásios, mesquitas, escolas e algumas lojas abriram à noite, mas as camas são escassas. Também houve milhares de pessoas que passaram as últimas noites em carros com motores ligados para fornecer calor. "Temo por quem está preso debaixo dos escombros", disse Melek Halici, que envolveu a sua filha de dois anos num cobertor enquanto observavam os socorristas a trabalhar durante a noite.
Em Nurdagi, uma cidade de cerca de 40.000 habitantes situada entre montanhas nevadas a cerca de 56 quilómetros do epicentro do terremoto, vastas áreas da cidade foram arrasadas, com quase nenhum prédio a ficar intacto, pois mesmo aqueles que não desabaram foram fortemente danificados, tornando-os inseguros. "O silêncio é agonizante. Nós simplesmente não sabemos o que esperar", disse Emre, um morador local, à AFP.
Em Kahramanmaras, a cidade mais próxima do epicentro, um ginásio desportivo do tamanho de uma campo de basquetebol serviu como morgue improvisada para acomodar e identificar corpos.

© EPA/ABIR SULTAN
O Governo de Recep Tayyip Erdogan, que visitou as cidades afetadas nos últimos dois dias, tem sido alvo de críticas sobre uma alegada resposta lenta à tragédia, num momento em que o Presidente turco preparava a corrida à reeleição em 14 de maio.
A Organização Mundial de Saúde estima que 23 milhões de pessoas estão "potencialmente expostas, incluindo cerca de cinco milhões de pessoas vulneráveis" e teme uma grande crise de sanitária, capaz de causar ainda mais danos do que o terramoto.
As organizações humanitárias estão particularmente preocupadas com a propagação da epidemia de cólera, que reapareceu na Síria.
Notícia atualizada às 18:30