Maduro junto ao retrato de Bolívar.
Maduro junto ao retrato de Bolívar.Federico PARRA / AFP

Maduro diz que líderes opositores “deveriam estar atrás das grades”

Oposição continua a exigir a divulgação das atas das urnas e apela à mobilização contra os resultados eleitorais.
Publicado a
Atualizado a

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que o candidato da oposição Edmundo González Urrutia e a líder opositora María Corina Machado “deveriam estar atrás das grades” por alegadas ações “criminosas” nos últimos dias, culpando-os pela violência nos protestos contra o resultado das eleições de domingo. Maduro foi dado como vencedor, com 51% dos votos, algo que é contestado pela oposição e pela comunidade internacional, que exige a divulgação das atas das urnas - algo que ainda não foi feito.

Maduro apelidou também o adversário de “cobarde” e chamou Corina Machado de “fascista de extrema-direita criminosa”. A oposição apela aos venezuelanos que continuem a manifestar-se e a reivindicar a vitória nas presidenciais, à medida que cresce também a pressão internacional para que haja uma apuração transparente dos resultados.

A líder opositora escreveu no X que o regime optou “pelo caminho da repressão, da violência e da mentira”, alegando que “cabe-nos a todos fazer valer a verdade que todos conhecemos. Vamos mobilizar-nos. Conseguiremos.”

Desde 2004 que o sistema de voto na Venezuela é eletrónico. Os eleitores confirmam a sua identidade com a impressão digital numa primeira máquina, dirigindo-se depois a uma segunda para votar. Esta emite um comprovativo em papel, que depois é colocado numa urna, para posterior confirmação (são sorteadas cerca de metade das mesas para se fazer uma auditoria e garantir que os números coincidem).

Quando a votação acaba, o presidente da mesa de voto e um técnico imprimem os resultados das máquinas. Um processo que é público, mas a oposição denuncia que houve desta vez casos em que observadores foram expulsos da sala. A oposição diz ter uma cópia de mais de 80% destas atas, confiante na vitória de González com 67%. As autoridades eleitorais deviam publicar os resultados de todas as máquinas, mas ainda não fizeram.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros português informou esta quinta-feira, na rede social X, que o ministro Paulo Rangel falou na quarta-feira com Corina Machado. “Insistimos na necessidade de verificação dos originais das atas eleitorais, na moderação e diálogo político e na abstenção de repressão da liberdade de manifestação”, segundo a mensagem.

Na Venezuela, a vitória de Maduro faz temer uma nova onda migratória, como aquela que levou quase oito milhões de venezuelanos a deixar o país. O Chile já anunciou o reforço da sua fronteira com Bolívia e Peru para fazer face a essa preocupação. Entretanto, e depois da expulsão de vários diplomatas latino-americanos de Caracas, o Brasil assumiu a custódia da embaixada da Argentina (assim como da do Peru), onde seis políticos da oposição venezuelanos pediram asilo político.

Com agências

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt