Ao fim de 12 dias sem que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) publique os dados pormenorizados das Eleições Presidenciais, o líder venezuelano dirigiu-se ao Supremo Tribunal para ser ouvido depois de este ter pedido para aquela instância certificar o escrutínio de 28 de julho. Em declarações à imprensa, Nicolás Maduro, que horas antes havia anunciado o corte da rede social X durante dez dias, reconheceu ter uma “chamada pendente” com os líderes de Brasil, Colômbia e México e mostrou-se disponível para falar. Aqueles, na véspera, voltaram a instar o CNE a apresentar os resultados discriminados por mesa de voto. Maduro descartou qualquer hipótese de conversações com a líder da oposição. O presidente venezuelano, reeleito segundo o CNE, mas perdedor de acordo com dados parciais divulgados pela oposição, disse que está pronto para falar “24 horas por dia” com os presidentes Lula da Silva, Gustavo Petro e Andrés Manuel López Obrador. Não tanto para para discutir a publicação das atas eleitorais, mas para lhes explicar, “em pormenor, uma situação que é complexa de entender”, porque “no mundo há muita manipulação e mentiras”. O telefonema a quatro estava previsto para segunda-feira, mas terá sido adiado por um dos outros líderes. “Está pendente uma conversa com os três presidentes, esperemos que aconteça”, disse, lembrando que Caracas mantém uma “comunicação permanente” com aquelas capitais. Ainda sobre manipulação e mentiras, Maduro ordenou na noite de quinta-feira a suspensão por dez dias do antigo Twitter, e acusou o seu proprietário, Elon Musk, de incitação ao ódio e ao fascismo. “Fora X, por dez dias da Venezuela!”“Fora Elon Musk!”, gritou Maduro. “Temos de derrotar o golpe de Estado cibernético”, afirmou, apontando para a criação de redes sociais venezuelanas em alternativa. Maduro e o seu Governo têm, até agora, utilizado o X com frequência. Sobre os “esforços de mediação” dos líderes de esquerda latino-americanos, que receberam um elogio do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, Maduro rejeitou o cenário de quaisquer negociações. Ou antes, abriu a porta a uma: “A única negociação que é possível aqui é a de [María Corina] Machado com o procurador para que se entregue”, disse na conferência de imprensa realizada no Supremo Tribunal. Em declarações à AFP, a opositora propôs oferecer a Maduro “garantias, salvo-condutos e incentivos”para uma “transição negociada” do poder. Corina Machado, tal como o candidato Edmundo González estão em parte incerta para não serem detidos, como aconteceu nas últimas horas a mais opositores, casos do ex-governador do Estado de Mérida Williams Dávila Barrios ou do ex-deputado Américo De Grazia. Corina Machado, no X, exigiu a libertação do ex-governador, assim como de todos os presos políticos..A Amnistia Internacional enviou uma carta ao procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, a pedir que emita uma declaração sobre a repressão na Venezuela, e notou que o silêncio do procurador “é alarmante”. cesar.avo@dn.pt