Le Pen indignada com ausência de cargos no parlamento
BERTRAND GUAY / AFP

Le Pen indignada com ausência de cargos no parlamento

Extrema-direita sem qualquer cargo. Pactos mantêm o minoritário campo de Macron com peso, enquanto Mélenchon volta a pedir ao presidente para nomear um primeiro-ministro da Nova Frente Popular.
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Depois do cargo de presidente da Assembleia Nacional -- a reeleição de Yaël Braun-Pivet -- na quinta-feira, prosseguiram as votações entre os 577 deputados para os restantes cargos da Câmara Baixa francesa, tendo o macronismo obtido a maioria das presidências das comissões e a esquerda das vice-presidências e do secretariado. A Reunião Nacional (RN), apesar de ter sido o partido com mais deputados eleitos, não obteve um único cargo. “O que prevalece é a indignação ”, comentou a líder de facto do partido de extrema-direita, Marine Le Pen, perante a barreira dos outros partidos.

O regimento da Assembleia Nacional preconiza a distribuição dos postos de forma equitativa, mas é apenas uma orientação. Há dois anos, a Reunião Nacional, então com menos deputados eleitos, 89, conseguiu eleger dois vice-presidentes. Desta vez, porém, com 142 deputados, todos os outros partidos isolaram a extrema-direita, o que levou o deputado do PS Arthur Delaporte a saudar a “a vitória da barragem republicana”, e Marine Le Pen a indignar-se contra os "arranjos" para a distribuição de lugares.

"Não tenho qualquer desilusão pessoal. Quando quase 11 milhões de eleitores são tratados como párias, excluídos em violação das regras da Assembleia Nacional de qualquer posição dentro dessa instituição, não estou desiludida, estou indignada. É a indignação que prevalece”, disse aos microfones da BFMTV.

A presidente da Assembleia, em entrevista à France 2, reconheceu "não ser normal" o ocorrido e garantiu que o partido não deixará de ser ouvido. 

Na sexta-feira, a eleição para as vice-presidências teve de ser repetida depois de terem sido contados dez votos a mais, o que levou à troca de insinuações de fraude. No final, Clémence Guetté (França Insubmissa, LFI) foi escolhida como primeira vice-presidente, tendo as restantes cinco vice-presidências sido repartidas pelo grupo presidencial e pelo centro-direita (Republicanos), e a restante recaído também para a LFI.

No sábado, o campo de Macron elegeu seis em oito presidências de comissões, tendo apenas perdido a Comissão das Finanças para o reeleito Éric Coquerel (LFI) e o de relator do Orçamento para o centrista (fora do grupo macronista) Charles de Courson. Nos cargos de secretariado, 12 dos 22 lugares foram para os deputados da Nova Frente Popular.

Perante estes resultados, o líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, pediu a Macron para nomear um primeiro-ministro da aliança de esquerda e extrema-esquerda. Na referida entrevista de Yaël Braun-Pivet na TV, a correligionária de Macron rejeitou esse cenário. “[A Nova Frente Popular] Não tem maioria. Precisamos de formar uma maioria. Tem de ser construída, tem de ser uma Assembleia de somas e não uma Assembleia de divisões.”

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