Kremlin alinhado com discurso de Trump em dia de retaliação aos ATACMS

 O Kremlin saudou as críticas de Donald Trump à Ucrânia por este país estar a usar mísseis norte-americanos em alvos militares na Rússia no mesmo dia em que a sua aviação atacou alvos civis - infraestruturas energéticas em especial - com mais de 90 mísseis.

Na entrevista da edição da revista Time que distingue Donald Trump como a personalidade do ano, o presidente eleito dos Estados Unidos mostrou-se contra a autorização do uso de armamento do seu país em solo russo. “Discordo veementemente do envio de mísseis dirigidos centenas de quilómetros no interior da Rússia. Porque é que estamos a fazer isso? Estamos apenas a fazer escalar esta guerra e a torná-la pior. Não se devia ter permitido que isso acontecesse. Agora não estão apenas a enviar mísseis, estão a enviar outros tipos de armas”, afirmou. Um discurso aplaudido pelo regime de Vladimir Putin. “A declaração corresponde plenamente à nossa posição, e a visão das causas da escalada também está em linha com a nossa, comentou o porta-voz da presidência Dmitri Peskov. “É óbvio que Trump compreende o que causa a escalada da situação.”

Moscovo confirmou que o ataque realizado contra a Ucrânia foi em retaliação ao disparo de mísseis ATACMS na quarta-feira. Os alvos foram uma base aérea militar e uma oficina de manutenção de aeronaves da fábrica Beriev, em Taganrog, cidade banhada pelo Mar de Azov. “Em resposta à utilização de armas norte-americanas de longo alcance, as forças armadas russas realizaram um ataque maciço contra instalações críticas da infraestrutura energética da Ucrânia”, afirmou o Ministério da Defesa russo.

Segundo o ministério homólogo ucraniano, o ataque envolveu 93 mísseis balísticos e de cruzeiro, sendo que pelo menos um dos quais foi identificado como norte-coreano. Foram também usados quase 200 drones. Kiev diz ter destruído 81 mísseis. 

Na entrevista, pressionado sobre se vai virar costas a Kiev, Trump reitera que quer chegar a um acordo de paz, “e a única maneira de chegar a um acordo é não abandonar”. No mesmo dia, o filho Trump Jr. publicou nas redes sociais uma montagem em que o pai dá um pontapé na capa da personalidade do ano da Time em 2022, Volodymyr Zelensky.