O governo italiano deu aprovação final ao ambicioso projeto de construção da ponte suspensa mais longa do mundo, ligando a ilha da Sicília à região da Calábria, na ponta da “bota” do continente italiano, através do estreito de Messina. A obra está orçada em 13,5 mil milhões de euros e prevê-se que fique concluída entre 2032 e 2033.Com 3,3 km de extensão e duas torres com 400 metros de altura, a ponte terá duas linhas ferroviárias no centro e três faixas rodoviárias em cada sentido. Segundo os projetistas, a estrutura será capaz de resistir a sismos, uma preocupação real numa das zonas mais sísmicas do Mediterrâneo.A primeira-ministra Giorgia Meloni afirmou que o projeto representa um investimento estratégico no presente e no futuro de Itália. “Gostamos de desafios difíceis quando fazem sentido”, disse, citada pela BBC.O ministro dos Transportes, Matteo Salvini, líder da Liga, partido de extrema-direita que integra a coligação de Governo, celebrou a decisão, prometendo a criação de 120 mil empregos anuais e crescimento económico numa das regiões mais pobres da Europa.Roma pretende ainda classificar o investimento como despesa militar, de forma a contabilizá-lo para a meta da NATO de gasto anual de 5% do PIB em defesa.Contudo, o projeto continua envolto em polémica, tendo ainda de ser aprovado pelo Tribunal de Contas italiano e por autoridades ambientais nacionais e europeias. A oposição ao projeto é antiga. Desde os anos 70 do século passado, várias tentativas de avançar com uma ponte para fazer a ligação à Sicília falharam por motivos financeiros, ambientais ou por receios de corrupção ligada à máfia. E esta nova versão enfrenta críticas semelhantes.O senador Nicola Irto, do Partido Democrático, classificou a decisão como “divisiva”, acusando o governo de desviar fundos essenciais de áreas como transportes locais, escolas e saúde.Grupos locais, como o movimento “Não à Ponte”, alertam ainda para o consumo diário de milhões de litros de água num contexto de seca crónica na Sicília e Calábria.Atualmente, a travessia ferroviária do estreito é feita por ferry, num percurso de 30 minutos