Esta é a base de Ebel El Saqi Marjeyoun, uma das posições da força de paz da ONU no Sul do Líbano.
Esta é a base de Ebel El Saqi Marjeyoun, uma das posições da força de paz da ONU no Sul do Líbano.EPA/STRINGER

Israel debaixo de fogo após atingir capacetes azuis da ONU no Líbano

China e Estados Unidos foram dois dos países que condenaram, apesar dos diferentes tons de retórica, as ações do exército israelita que feriram quatro soldados da paz. A ONU fala em ataques deliberados. Telavive garante que as posições da UNIFIL foram atingidas por engano.
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Dos Estados Unidos (num tom mais suave) à China, a comunidade internacional parece estar unida na condenação das ações do exército israelita que atingiram por três vezes no espaço de 48 horas a força de manutenção de paz das Nações Unidas no sul do Líbano, que conta com a contribuição de meia centena de países, da Argentina à Zâmbia. A ONU garante que Telavive atingiu de forma propositada as suas posições e as Forças de Defesa de Israel sustentam que as suas tropas atingiram por engano bases da UNIFIL em confrontos com o Hezbollah.

A UNIFIL indicou que novas explosões atingiram esta sexta-feira o seu quartel-general na cidade de Naqura, ferindo dois capacetes azuis, um dia após as forças israelitas terem atacado o mesmo local. Dos dois capacetes azuis, ambos cingaleses e ambos com ferimentos considerados ligeiros, como confirmou o exército do Sri Lanka, um foi transportado para um hospital na cidade vizinha de Tyre, ao passo que o outro foi tratado no local. “Este é um sério desenvolvimento”, referiu a UNIFIL, reiterando que “qualquer ataque deliberado contra os capacetes azuis é uma grave violação da lei humanitária internacional e da resolução 1701 do Conselho de Segurança”, numa referência à decisão de 2006 que colocou fim a um conflito entre Israel e o Hezbollah e que determinou que apenas as forças de manutenção da paz da ONU e o exército libanês podem ser destacados para o sul do Líbano.

A missão da ONU também divulgou esta sexta-feira que um bulldozer do exército israelita atingiu o perímetro de outra das suas posições no sul do Líbano, enquanto tanques israelitas se deslocavam nas proximidades, acrescentando que foram enviados mais efetivos de manutenção da paz para reforçar essa posição.

Na quinta-feira, e de acordo com a UNIFIL, soldados israelitas dispararam contra uma posição da ONU em Labbouneh, “atingindo a entrada do bunker onde os capacetes azuis estavam abrigados, danificando ainda veículos e sistemas de comunicação”, “disparando deliberadamente e inutilizando as câmaras de vigilância daquela posição”. No mesmo dia, dois soldados indonésios ficaram feridos quando uma torre de vigia do quartel-general da UNIFIL foi derrubada por tiros do exército israelita.

Lloyd Austin, o secretário da Defesa dos EUA, tradicional aliado de Israel, falou com o seu homólogo israelita, tendo discutido os ataques contra a ONU e instado Yoav Gallant “a garantir a segurança das forças da UNIFIL e a coordenar esforços para passar rapidamente das operações militares para uma via diplomática. Horas antes, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano havia afirmado que enquanto Israel realiza as suas operações no sul do Líbano “é fundamental que não ameacem a segurança e a proteção das forças de manutenção da paz da ONU”. Mais incisiva, a China exprimiu “a sua profunda preocupação”, condenando “veementemente o ataque do exército israelita às posições e postos de observação da UNIFIL” e exigindo uma investigação.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, considerou que “um ataque a uma missão de manutenção da paz da ONU é irresponsável e inaceitável”, enquanto Pedro Sánchez, o primeiro-ministro de Espanha, que tem 676 soldados na UNIFIL, apelou ao fim de forma urgente da exportação de armas para Israel. Já Turquia referiu que “a comunidade internacional é obrigada a garantir que Israel cumpra o direito internacional”.

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