Harris critica visita eleitoral de Trump a cemitério militar
A presença de Trump no cemitério nacional de Arlington -- com o objetivo de dar um impulso à campanha antes da votação de 5 de novembro -- transformou-se numa disputa pública entre os candidatos e os militares.
“Deixem-me ser clara: o ex-presidente desrespeitou o solo sagrado, tudo por causa de uma encenação política”, disse Kamala Harris sobre o incidente de segunda-feira no cemitério perto de Washington, onde Trump desafiou as regras e posou para fotos com parentes de militares norte-americanos mortos no Afeganistão.
Numa das imagens, Trump está de pé com familiares de um fuzileiro naval morto, posando entre lápides, enquanto sorri abertamente e faz um sinal de positivo com o polegar.
“Se há uma coisa em que todos nós, americanos, podemos concordar, é que os nossos veteranos, famílias de militares e membros do serviço devem ser honrados, nunca depreciados e tratados com nada menos do que o nosso maior respeito e gratidão”, escreveu Harris no X.
Na quinta-feira, o exército dos EUA emitiu uma rara declaração confirmando que um funcionário do cemitério tinha sido “abruptamente afastado” depois de ter pedido à equipa de Trump para parar de filmar numa área de sepultamento para os mortos em guerras recentes, onde a fotografia para fins políticos é expressamente proibida.
A equipa de campanha de Trump passou à ofensiva, descrevendo a funcionária como um “indivíduo desprezível” e afirmando que ela estava a sofrer um episódio de saúde mental. Mas os militares disseram que a funcionária tinha “agido com profissionalismo” e condenaram o incidente como “infeliz”.
Trump fez das críticas à forma como a administração Biden-Harris lidou com a retirada dos EUA do Afeganistão uma tónica da sua campanha, argumentando que ele a teria gerido melhor.
Trump visitou o cemitério com as famílias de alguns dos 13 militares mortos num bombardeamento em 2021 em Cabul, durante as últimas e caóticas horas da retirada dos EUA.
A relação de Trump com os militares há muito que gera controvérsia. Embora muitas vezes apregoe o seu apoio às forças armadas, em privado, durante a sua presidência, ridicularizava os mortos de guerra e não queria ser visto perto de militares amputados, segundo o seu antigo chefe de gabinete.
Harris já tinha enfrentado críticas sobre o incidente no cemitério por parte do candidato a vice-presidente de Trump, J.D. Vance. Aparentemente em resposta a uma notícia de que Harris teria comentado a visita ao cemitério
-- o que ainda não tinha sucedido --, Vance acusou-a de fingir indignação e disse: “Ela que vá para o inferno.”