Hamas retoma ataques ao terceiro dia da incursão de Israel em Gaza
O Hamas, que não retaliou nas primeiras 48 horas aos ataques de Israel que na terça-feira quebraram o cessar-fogo que estava em vigor, anunciou ter disparado esta quinta-feira rockets contra Telavive em resposta aos “massacres sionistas contra civis”, de acordo com informações avançadas pelo grupo islamista à Reuters. Pelo menos 91 palestinianos morreram e dezenas ficaram feridos na sequência dos ataques aéreos israelitas desta quinta-feira, segundo o Ministério da Saúde do enclave controlado pelo Hamas.
Comentando o ataque levado a cabo pelo Hamas, as Forças de Defesa de Israel (IDF), referiram que depois das sirenes terem soado nas zonas de Gush Dan e HaShfela, “três projéteis foram identificados vindos do sul de Gaza para o território israelita”. O exército acrescentou ainda que conseguiram “com sucesso, intercetar um projétil e os outros dois caíram numa zona aberta”.
Israel prosseguiu esta quinta-feira os ataques aéreos que tem levado a cabo desde terça-feira, altura em que quebrou o cessar-fogo, e prosseguiu, pelo segundo dia, as operações terrestres. Os primeiros tiveram como alvo várias zonas de Gaza e mataram ontem pelo menos 91 palestinianos. Já no solo, como tinha acontecido na quarta-feira, as tropas israelitas continuaram a sua operação terrestre direcionada com o objetivo de controlar o corredor de Netzarim, a área que separa o norte e o sul de Gaza, de forma a expandir uma zona tampão.
Na perspetiva do Hamas, a operação terrestre israelita e a sua incursão no corredor de Netzarim são uma “nova e perigosa violação” do acordo de cessar-fogo. O grupo islamista, tal como tinha feito nos dias anteriores, reafirmou seu comprometimento com o acordo de cessar-fogo e pediu aos mediadores internacionais - papel que tem sido exercido por Estados Unidos (que apoiaram a ação de Israel), Qatar e Egito (que a condenaram) - que “assumissem as suas responsabilidades”. O Qatar e o Egito, depois de uma conversa entre os chefes das diplomacia dos dois países, sublinharam ontem a necessidade de impulsionar esforços conjuntos para implementar as três fases do acordo de cessar-fogo de Gaza.
Este regresso aos ataques por parte de Israel tem causado muitas baixas entre os palestinianos - só na terça-feira terão sido registadas mais de 400 mortes, tornando-se num dos dias mais letais desde o início do conflito - mas também tem debilitado a estrutura do Hamas.
Logo no primeiro dia foi anunciada a morte de cinco elementos de topo do grupo islamista, incluindo Issam Da’alis, chefe do governo do Hamas (que já tinha sido dado como morto em julho), mas também o vice-diretor do Ministério do Interior do Hamas e responsável pela força policial do grupo, general Mahmoud Abu Watfa, e o brigadeiro-general Bahjat Abu Sultan, chefe da Agência de Segurança Interna do Hamas, o mais poderoso aparelho de segurança do grupo.
Esta quinta-feira, as IDF anunciaram ter eliminado também Rashid Jahjuh, que estava à frente das Forças Gerais de Segurança do Hamas desde julho, Ayman Atsalih, líder desta força na zona de Khan Yunis, e ainda Abd al-Aal, pertencente à Unidade de Contrabando Armas da Jihad Islâmica.
Mas o quebrar do cessar-fogo quando 59 reféns ainda estão nas mãos do Hamas também tem tido custos para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cujas ações têm sido contestadas nas ruas pelas famílias dos reféns e milhares de israelitas, nomeadamente em Jerusalém. Ontem os protestos continuaram junto à residência do chefe do governo, tendo sido marcados pelo uso de um canhão de água pela polícia para dispersar os manifestantes e também por várias detenções.