Hamas quer implementar as restantes fases do cessar-fogo com Israel mas recusa "forças estrangeiras" em Gaza
O movimento islamista palestiniano Hamas manifestou-se este sábado disponível a implementar "as fases restantes" do acordo de tréguas com Israel, mas rejeitou categoricamente a "presença de forças estrangeiras" na Faixa de Gaza.
"Afirmamos a nossa determinação em concluir as fases restantes do acordo que conduz a um cessar-fogo abrangente e permanente, à retirada total das forças de ocupação da Faixa de Gaza e à reconstrução e ao levantamento do cerco", segundo a mensagem do grupo aos participantes na cimeira extraordinária da Liga Árabe sobre os Territórios Palestinianos, a decorrer no Cairo na quarta-feira.
O acordo de tréguas entre Israel e o movimento palestiniano entrou em vigor a 19 de janeiro depois de mais de 15 meses de guerra que devastaram a Faixa de Gaza.
Com final agendado para este sábado, a primeira fase do acordo previa a devolução a Israel de 33 reféns mantidos em cativeiro em Gaza (incluindo oito mortos) em troca da libertação de cerca de 1.800 palestinianos detidos por Israel.
O grupo islamista mantém-se irredutível em discutir apenas a implementação da segunda fase do acordo, que deverá garantir o fim definitivo da guerra e a retirada israelita de Gaza, bem como a libertação dos reféns ainda detidos - cerca de 60, dos quais mais de metade poderão estar mortos.
Israel gostaria de ver mais reféns libertados no âmbito de um prolongamento da primeira fase, tendo o governo de Benjamin Netanyahu afirmado que se reserva no direito de retomar as hostilidades em qualquer altura para destruir o Hamas caso este não deponha as armas.
Na sua mensagem aos países árabes sobre a questão do pós-guerra, o Hamas afirma estar pronto a considerar "qualquer opção aceite pelos palestinianos", mas que "rejeita categoricamente qualquer tentativa de impor projetos ou formas de administração não palestinianas ou a presença de forças estrangeiras no território da Faixa de Gaza".
O governo israelita tem repetido nos últimos dias que está determinado a manter as tropas israelitas dentro de Gaza, numa zona fronteiriça com o Egito, mesmo após a conclusão de um eventual cessar-fogo permanente.
Nos termos do acordo, os combates não devem recomeçar enquanto estiverem a decorrer as negociações sobre a segunda fase.
Israel garante que "não se deixará intimidar pela propaganda do Hamas"
O gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, assegurou entretanto que "Israel não se deixará intimidar pela propaganda do Hamas", depois de o movimento islamista palestiniano ter difundido um novo vídeo de reféns em Gaza.
"A organização terrorista Hamas difundiu esta noite um novo vídeo de propaganda cruel, no qual os nossos reféns são obrigados a recitar um discurso de guerra psicológica", segundo o comunicado.
Na nota, o executivo israelita garantiu que continuará "agir de forma implacável para trazer de volta" todos os reféns e "alcançar todos os objetivos de guerra de Israel".
O Hamas divulgou hoje um novo vídeo com reféns israelitas e mostra o refém Iair Horn, libertado no mês passado no âmbito da troca de prisioneiros palestinianos durante o cessar-fogo em Gaza, acompanhado pelo seu irmão Eitan, ainda em cativeiro.
O conflito iniciou-se com o ataque do Hamas a 07 de outubro de 2023 e que causou 1200 mortos em Israel, na sua maioria civis, e fez cerca de 250 reféns, segundo Telavive.
Em resposta, a ofensiva militar israelita matou mais de 48 mil pessoas, segundo as autoridades de Gaza controladas pelo Hamas.
As duas partes concordaram com o acordo de cessar-fogo em três fases em meados de janeiro.