Hamas avisa que reféns irão regressar em "caixões" caso Israel tente libertá-los à força
Israel e Hamas voltaram a trocar ameaças, com o grupo palestiniano a avisar que os reféns irão regressar em "caixões" caso Telavive tente libertá-los à força.
O movimento islamita palestiniano afirmou esta quarta-feira que “está a fazer tudo o que é possível para manter vivos os reféns da ocupação", mas "os bombardeamentos israelitas aleatórios estão a pôr em perigo as suas vidas”.
Em comunicado, citado pela AFP, o Hamas avisou que os reféns, cativos desde os ataques de 7 de outubro de 2023, podem ser mortos se Israel tentar libertá-los pela força.
“Sempre que a ocupação tenta recuperar os seus reféns pela força, acaba por os trazer de volta em caixões”, declarou o Hamas.
Também esta quarta-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ameaçou ocupar território na Faixa de Gaza, caso o Hamas não liberte os reféns que ainda mantém em seu poder.
"Quanto mais o Hamas continuar a recusar libertar os nossos reféns, mais poderosa será a repressão que exercemos", avisou Netanyahu durante uma audiência no parlamento israelita, tendo sido interrompido em algumas ocasiões pela oposição, segundo a Reuters.
E a ameaça não se ficou pelo reforço da ofensiva militar no enclave palestiniano. "Isso inclui a tomada de território e outras coisas”, afirmou.
Na semana passada, Israel quebrou o cessar-fogo, que estava em vigor desde 19 de janeiro, ao retomar as operações militares na Faixa de Gaza.
Desde essa altura, pelo menos 830 palestinianos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, território controlado pelo Hamas.
Centenas de palestinianos manifestam-se contra Hamas no norte da Faixa de Gaza
Centenas de palestinianos manifestaram-se no norte da Faixa de Gaza, exigindo que o movimento islamita renuncie ao poder no enclave palestiniano e deponha as armas no conflito com Israel.
"O povo quer que o Hamas saia" e "Parem a guerra" foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes que marcharam pelas ruas de Beit Lahia, repletas de edifícios danificados pelos combates e bombardeamentos israelitas, segundo vídeos do protesto publicados na terça-feira nas redes sociais e verificados pela agência EFE.
No raro protesto, os manifestantes gritaram ainda "Fora Hamas" e "Hamas terrorista", disseram testemunhas à agência AFP.
Mohammed, um residente da cidade que participou no protesto, disse à EFE, por telefone, que a marcha invulgar foi espontânea e que os participantes expressaram a sua frustração relativamente à guerra com Israel.
"(Os manifestantes) exigiram o fim do Governo do Hamas e manifestaram o seu desejo de viver em paz", disse o palestiniano.
Acrescentou ainda que os habitantes da cidade criticaram a falta de abrigos para os ataques do exército israelita.
Mohammed disse que muitos residentes temem retaliações por parte do Hamas, mas mesmo assim saíram à rua devido ao cansaço provocado pelo conflito, e que nenhuma detenção foi feita pela organização islâmica, que governa Gaza há quase duas décadas.
"(Os manifestantes) não querem o actual governo, querem viver em segurança e proteção", explicou o residente em Gaza, que especificou que outra marcha recente contra o Hamas em Jabalia Al-Badad não aconteceu devido ao medo da organização islamita.
"Majdi", outro manifestante que evitou dar o seu nome verdadeiro, disse à AFP que "as pessoas estão cansadas" do conflito, que dura há 17 meses e devastou o pequeno território.
"Se a saída do Hamas do poder em Gaza é a solução, então porque é que o Hamas não deixa o poder para proteger o povo?", questionou.
Pelo menos uma convocatória para uma manifestação circulou na terça-feira na rede social Telegram, segundo a AFP.
A mesma fonte adianta que outras mensagens de origem desconhecida convocam protestos em vários locais da Faixa de Gaza na quarta-feira.
Israel desafia frequentemente os palestinianos em Gaza a rebelarem-se contra o movimento islâmico que tomou o poder no território em 2007, expulsando o movimento rival Fatah e não mais organizando eleições.
Com Lusa