Guterres desafiado a assumir papel mais ativo na mediação do conflito para salvar a ONU

Ex-funcionários da ONU dizem que o futuro da organização estará em risco se o secretário-geral não desempenhar um papel mais ativo na mediação do conflito.
Publicado a
Atualizado a

Um grupo de mais de 200 ex-quadros da ONU escreveu ao secretário-geral da ONU, o português António Guterres, alertando-o que a Organização das Nações Unidas arrisca tornar-se irrelevante ou até mesmo deixar de existir se o seu líder não assumir um papel mais ativo na tentativa de mediar a paz entre Ucrânia e Rússia.

Os ex-funcionários, entre os quais muitos ex-subsecretários da ONU, pediram a Guterres para se preparar para assumir mais riscos pessoais na busca da paz e afirmaram que as Nações Unidas enfrentam uma ameaça existencial devido à invasão da Ucrânia por parte de um dos seus cinco membros permanentes do conselho de segurança.

"O que nós e o público em geral queremos ver é uma presença política e um envolvimento público reforçado, além de uma notável resposta humanitária da ONU à crise na Ucrânia", escreveram os autores.

"Queremos ver uma estratégia clara para restabelecer a paz, começando com um cessar-fogo provisório e o uso da capacidade da ONU para mediação e resolução de conflitos. Isso pode incluir visitas às áreas atingidas pelo conflito, discussões com os dois lados e até mesmo mudar seu próprio escritório temporariamente para a Europa, para mais perto das negociações que são urgentemente necessárias e, assim, indicar a determinação da ONU em enfrentar esta grande crise de frente", indica a carta.

"Decidimos levantar nossa voz pela preocupação com o desafio existencial que as Nações Unidas estão a enfrentar nesta conjuntura histórica. A invasão russa da Ucrânia mina severamente a ordem global pós-Segunda Guerra Mundial. É o auge de uma série de ameaças à paz e segurança da humanidade, prosperidade partilhada e respeito pelos direitos humanos que a ONU incorpora", refere o documento.

Os autores da carta admitem não saber se Guterres está envolvido em alguma mediação nos bastidores. "Sabemos que se preocupa profundamente em garantir um impacto positivo das nossas Nações Unidas na humanidade e no planeta, o que também marcará o seu legado à frente da organização. Por isso, imploramos que intensifique os seus esforços pessoais, agindo de acordo com as lições aprendidas em conflitos anteriores, para a cessação do conflito através de meios pacíficos", escreveram os ex-funcionários.

"Esta é a razão de ser das Nações Unidas, que está a ser testada novamente neste caso. Estamos horrorizados com a alternativa, que é a ONU tornar-se cada vez mais irrelevante e, eventualmente, sucumbir ao destino da antecessora, a Liga das Nações, com as perdas humanas e a destruição material que a acompanharam", conclui a carta.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt