Netanyahu aceita, mas Hamas exige mudanças à nova proposta de cessar-fogo de Witkoff
O enviado especial da Casa Branca para o Médio Oriente, Steve Witkoff, apresentou esta quinta-feira a Israel e ao Hamas uma nova versão do seu plano de cessar-fogo na Faixa de Gaza e libertação dos reféns ainda nas mãos do grupo terrorista palestiniano.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, terá aceitado a proposta ainda antes dela ser enviada ao Hamas, que terá exigido alterações ao texto, considerando que este se inclina demasiado para o lado de Israel.
“Posso confirmar que Witkoff e o presidente [Donald Trump] apresentaram uma proposta de cessar-fogo ao Hamas, com o apoio de Israel, e que Israel aprovou a proposta antes de esta ser enviada ao Hamas”, disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.
“Posso também confirmar que as discussões sobre este assunto estão em curso e esperamos que seja alcançado um cessar-fogo em Gaza para que possamos trazer todos os reféns de volta para casa”, acrescentou. A Casa Branca estava contudo confiante, podendo Trump anunciar a qualquer momento o acordo.
Segundo a imprensa israelita, Netanyahu informou as famílias dos reféns que aceitava a proposta. O primeiro-ministro reuniu esta quinta-feira com o seu gabinete para discutir o plano, antecipando-se uma reação negativa dos ministros de extrema-direita Itamar Ben-Gvir, da Segurança Interna, e Belazel Smotrich, das Finanças. Mas sem uma eventual ameaça de fazerem cair o executivo.
O Hamas também confirmou ter recebido a proposta, dizendo que ia “analisá-la de forma responsável”. Mas, também segundo os media israelitas, o grupo terrorista considerava que a nova proposta era mais favorável a Israel e teria exigido mudanças. Ao final do dia, havia informações de que também já teriam aceitado, mas o Hamas desmentiu.
Mas afinal, o que diz o novo plano Witkoff?
A proposta não é pública, mas tanto o jornal israelita The Jerusalem Post como a agência de notícias norte-americana AP já divulgaram alguns detalhes. O plano inclui a libertação de dez dos reféns ainda vivos em dois momentos diferentes, em troca de mais de mil prisioneiros palestinianos detidos por Israel (incluindo uma centena a servir penas mais longas por ataques que resultaram em vítimas mortais).
No total, 58 reféns estão ainda na Faixa de Gaza, sendo que 35 deles já foram declarados mortos. A nova versão do plano Witkoff também prevê a entrega de 18 corpos dos reféns já mortos.
O cessar-fogo seria de 60 dias, com Israel a ter direito a retomar os combates se assim o desejar no final desse prazo. Mas a ideia seria existirem negociações sérias para uma trégua prolongada.
O plano inclui ainda a retirada das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) das zonas do enclave palestiniano que capturou desde que terminou o último cessar-fogo.
E as Nações Unidas voltariam a ser responsáveis pela distribuição da ajuda humanitária, com centenas de camiões a serem autorizados a entrar na Faixa de Gaza.
Witkoff mostrou-se confiante na quarta-feira. "Tenho bons pressentimentos sobre a possibilidade de chegar a uma resolução a longo prazo — um cessar-fogo temporário e uma resolução a longo prazo, uma resolução pacífica para este conflito", disse em Washington, explicando precisamente que uma nova proposta dos EUA seria entregue em breve às partes em conflito.