A Frente de Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas de Cabinda (FLEC - FLAC) apelou esta segunda-feira, 4 de agosto, aos países da União Europeia (UE) que apoiem a "autodeterminação e independência" da "última colónia de África"."Apelamos à comunidade internacional que apoie as pretensões da população de Cabinda e reconheça a nossa autodeterminação e independência", disse José Luís Luemba Veras, membro do Alto Conselho de Cabinda, organização que reivindica a criação da República de Cabinda, em conferência de imprensa, em Bruxelas.Por ocasião do 62.º aniversário da criação da FLEC - FLAC, José Luís Luemba Veras denunciou a "vida de miséria da população" daquela província costeira que integra o território de Angola, assim como as "detenções e homicídios" dentro de uma região que foi "de importância vital para o regime colonial português" e que hoje é explorada para a "exportação do petróleo" do Governo do MPLA.Também Arão Bula Tempo, advogado pelos direitos humanos e ativista da causa da independência, considerou que "em Cabinda nada mudou" e apelou à intervenção da comunidade internacional para que seja possível "alcançar o desejo dos antepassados".O ativista exigiu não só o reconhecimento da independência de Cabinda, como a responsabilidade dos países colonizadores, cujas ações no passado levaram a que esta região acabasse integrada em Angola."A UE, Portugal, a Bélgica e França são testemunhas do direito de Cabinda [à independência], não podem ser inocentes", criticou, considerando que os países que no passado colonizaram "hoje não querem ouvir" a população daquela província, preferindo "dar primazia a Angola".Arão Bula Tempo insistiu que "quem está apertado procura forças para se libertar".Já o porta-voz da FLEC, Jean Claude Nzita, disse à Lusa que "chegou o momento" de reconhecer a independência de Cabinda: "Não pedimos caridade, mas exigimos justiça na questão de Cabinda".Considerando que Cabinda é "a última colónia de África", o porta-voz da FLEC disse que a população do território, "portadora de uma identidade própria, uma história distinta e uma vontade clara, não pode continuar a ser marginalizada". "Angola continua a negar a nossa existência como nação, mantendo uma presença militar no nosso território", denunciou, defendendo que a UE e os Estados Unidos da América deviam bater-se para que Cabinda tenha o direito "fundamental de existir livremente, em paz, e de decidir o próprio futuro".A FLEC-FAC reivindica há vários anos a independência do território de Cabinda (limitado a norte pela República do Congo, a leste e a sul pela República Democrática do Congo e a oeste pelo Oceano Atlântico), de onde provém grande parte do petróleo do país, evocando o Tratado de Simulambuco, de 1885, que designa aquela parcela territorial como protetorado português.