A Finlândia anunciou este domingo que pretende aderir à NATO, alargando assim a aliança militar ocidental que conta com 30 membros, numa resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia.."Este é um dia histórico. Uma nova era começou", disse o Presidente finlandês, Sauli Niinistö, numa conferência de imprensa conjunta com a primeira-ministra, Sanna Marin..O chefe de Estado finlandês defendeu que a adesão da Finlândia à NATO "é uma prova de poder da democracia" e lembrou que essa decisão tem o aval da maioria dos cidadãos, dos partidos políticos e do parlamento (Eduskunta).."A Finlândia vai maximizar a sua segurança e isso não representa um perigo para ninguém", declarou Sauli Niinistö, numa alusão à vizinha Rússia, que encara a adesão deste país nórdico à NATO como uma ameaça..É expectável que o parlamento finlandês aprove esta decisão nos próximos dias..Depois de aprovado pelo parlamento, o pedido formal de adesão à NATO será submetido à sede deste organismo, em Bruxelas, sendo previsível que tal aconteça durante a próxima semana..Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, afirmou hoje que existe uma "boa base de otimismo" relativamente à adesão da Finlândia e Suécia à NATO, que permitirá resolver as "questões em aberto", nomeadamente as divergências apontadas pela Turquia..A oposição de última hora demonstrada pela Turquia, membro da Aliança, à integração dos dois países nórdicos coloca a incerteza quanto ao resultado do processo.."Penso que há uma boa base de otimismo [porque] todos nós estamos conscientes de que divergências que possam existir são sempre pequenas face àquilo que é verdadeiramente importante, que é o reforço da Aliança e o reforço da segurança da Finlândia e da Suécia", apontou João Gomes Cravinho..Falando no final da reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Berlim, o chefe da diplomacia portuguesa realçou que "a Turquia, a Finlândia e a Suécia estão num processo de diálogo para resolver as divergências", após a Turquia se ter mostrado reticente face ao alargamento da Aliança Atlântica..No mesmo sentido, também o ministro dos Negócios Estrangeiros da Croácia, Gordan Grlic Radman, referiu que a discussão para a integração da Finlândia e da Suécia "está no bom caminho".."Acho que a discussão está no bom caminho (...) Espero que tenhamos uma discussão final frutífera e um bom resultado para mostrar a nossa solidariedade", afirmou o ministro croata..O otimismo foi também partilhado tanto pela secretária-geral adjunta da NATO, Mircea Geona, como pela ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, que manifestaram confiança num consenso dos membros deste organismo e perspetivaram que a adesão da Finlândia e da Suécia possa ocorrer "muito rapidamente".."A Alemanha preparou tudo para que o processo de ratificação fosse rápido", assegurou Annalena Baerbock..Para permitir a adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, é necessário o aval dos 30 membros da Aliança Atlântica..Na véspera da reunião na capital alemã, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, manifestou-se desfavorável à entrada da Finlândia e da Suécia na NATO, por acolherem militantes curdos que a Turquia considera como terroristas..Foi a primeira voz dissonante no seio dos 30 aliados a propósito desta matéria..A entrada de um novo Estado-membro na NATO requer unanimidade, o que significa que a Turquia poderá bloquear a adesão dos dois países escandinavos, cuja candidatura deverá ser formalizada nos próximos dias..Porém, já no sábado, o porta-voz de Recep Tayyip Erdogan veio garantir que a Turquia "não fecha a porta" à entrada destes dois países nórdicos na Aliança Atlântica..A adesão da Finlândia à NATO beneficiaria "toda a região nórdica", bom como o próprio país e o conjunto da aliança atlântica, disse hoje a ministra dos Negócios Estrangeiros da Noruega, Anniken Huitfeld, através da sua conta no Twitter.."A Finlândia tem todo o nosso apoio", escreveu a governante, na sequência da reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da NATO, que decorreu em Berlim e na qual participaram também os chefes da diplomacia a Suécia e da Finlândia..Para a Noruega, que é membro da NATO, a entrada da Finlândia para a aliança atlântica será "um ponto de viragem" na política de segurança nórdica..Na sequência da guerra na Ucrânia, a Finlândia e a Suécia iniciaram um debate sobre a adesão à NATO, que, a concretizar-se, significará o abandono da histórica posição de não-alinhamento dos dois países..A Rússia, que partilha 1.340 quilómetros de fronteira terrestre com a Finlândia e uma fronteira marítima com a Suécia, avisou que será forçada a tomar medidas de retaliação se Helsínquia aderir à NATO..A adesão à NATO obriga o país candidato a um verdadeiro exame de entrada, durante o qual deve convencer todos os trinta Estados-membros do seu contributo para a segurança coletiva e da sua capacidade de cumprir as obrigações..A partir do momento em que um país decide concorrer à adesão, inicia-se um processo que deverá conduzir todos os outros a aceitar unanimemente convidá-lo a aderir..Na sexta-feira, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, considerou "um erro" a entrada da Finlândia e da Suécia na NATO, mas vários participantes numa reunião informal dos chefes da diplomacia da Aliança, em Berlim, mostraram-se confiantes de que será possível encontrar um consenso..O convite dos membros dá início a conversações sobre a adesão, com duas reuniões na sede da organização, em Bruxelas, em que o candidato deve convencer os representantes dos países e os peritos da Aliança da sua capacidade de aceitar "as obrigações e compromissos políticos, jurídicos e militares decorrentes do Tratado de Washington e do Estudo (de 1995) sobre o alargamento da NATO"..As reuniões na sede da NATO permitem debater questões jurídicas, de recursos, de segurança, de proteção de informações classificadas e de contribuição para o orçamento comum, baseada na dimensão da economia do país relativamente aos outros Estados-membros..O país candidato deve comprometer-se a realizar as reformas necessárias e deve de seguida enviar uma "carta de intenção" ao secretário-geral da NATO, com um "calendário de execução das reformas"..A etapa final é a ratificação do protocolo de adesão por cada um dos Estados-membros, na qual transmitem a sua aceitação do novo membro ao Governo dos Estados Unidos, depositário do Tratado do Atlântico Norte..O princípio "um por todos, todos por um", previsto no artigo 5.º, sobre solidariedade em caso de agressão, só se aplica quando estiver terminada a ratificação por todos os Estados-membros..No caso do último país a aderir, a Macedónia do Norte, o processo demorou um ano..Como são membros da União Europeia, a Suécia e a Finlândia beneficiam da cláusula de assistência mútua prevista pelo artigo 42.º(7) do Tratado da UE pelo período que durar o processo de ratificação da sua adesão à NATO..O secretário-geral da NATO, o norueguês Jens Stoltenberg, já assegurou aos dois candidatos que serão acolhidos "de braços abertos" se decidirem entrar na Aliança, da qual já são parceiros..Prometeu-lhes um processo de adesão "rápido" e soluções para responder às suas preocupações de segurança entre a candidatura e a adesão final.