O líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, acusou Pedro Sánchez de perseguir quem o critica.
O líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, acusou Pedro Sánchez de perseguir quem o critica.EPA/SERGIO PEREZ

Feijóo ataca plano de Sánchez: “Não se via algo assim desde Franco”

Governo liderado pelos socialistas apresentou pacote de medidas que, entre outras coisas, visa que os grupos de media sejam mais transparentes acerca dos seus donos e a origem do seu investimento publicitário, mas também que os políticos tornem públicas as suas contas.
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A temperatura do primeiro duelo parlamentar depois das férias entre o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, o líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo, começou a subir logo na pergunta inicial do deputado do Partido Popular, quando este decidiu atacar o Plano de Ação pela Democracia apresentado pelo governo socialista na terça-feira, apelidando-o de “uma ofensiva contra juízes, jornalistas e meios de comunicação, um plano de censura”.

“Você tem uma conceção república das bananas do poder que não tem fim”, acusou Feijóo, sublinhando que “a censura e a perseguição a quem ousa criticá-lo. Não se via algo assim desde Franco”, numa referência ao general que governou Espanha num regime de ditadura entre 1939 e 1975. E perguntou ainda “para quê tudo isto”, numa altura em que os casos de corrupção que afetam Sánchez e o PSOE “seguem ainda abertos”.

Pedro Sánchez respondeu, referindo que lidera um governo do “diálogo e do acordo” e apelando ao Partido Popular para “mudar o chip”, pedindo ainda a Feijóo para “abandonar a oposição azeda e contribuir” no interesse de Espanha.

Em causa está o Plano de Ação pela Democracia, que foi aprovado e apresentado pelo governo na terça-feira e é composto por 31 medidas a implementar nos próximos três anos da legislatura e que pretendem “fortalecer o Estado de Direito, melhorar a transparência e a responsabilização das instituições e combater a desinformação”. As medidas deste plano passam pela modificação da Lei dos Segredos Oficiais, da Lei da Publicidade Institucional, da reforma do Código Penal e da modificação das leis orgânicas sobre o direito à honra, o direito à retificação e o regime eleitoral. 

Entre as propostas de âmbito mais político estão a obrigatoridade de debates eleitorais, a criação de duas novas unidades na Procuradoria-Geral do Estado para combater a corrupção “pública e privada” e a reforma da dos partidos para que grupos políticos, deputados e senadores tenham que tornar públicas as suas contas. 

Já sobre os media é proposto um registo público dos meios de comunicação no qual estes terão de divulgar quem são seus proprietários e que investimento publicitário recebem, a limitação da publicidade institucional para evitar a dependência dos media de dinheiros públicos, a criação de uma comissão no Congresso para analisar a desinformação e a alteração da lei do direito à honra e do direito à retificação para que as notícias falsas sejam ratificadas nos prazos adequados. Será ainda promovida a lei do sigilo profissional dos jornalistas como garantia legal de proteção das fontes e a proteção dos jornalistas contra processos judiciais interpostos com o único objectivo de os intimidar no exercício das suas funções.

O governo da Comunidade de Madrid, presidido pela popular Isabel Díaz Ayuso, anunciou esta quarta-feira que está a ponderar levar a tribunal este plano do Executivo de Pedro Sánchez, também conhecido como plano de regeneração democrática, se concluir que a sua implementação invade os poderes regionais na contratação de campanhas publicitárias nos media. “Teremos de nos concentrar no seu desenvolvimento”, disse o porta-voz do executivo regional, Miguel Ángel García Martín, garantindo que “vamos combatê-lo sempre que for necessário, sem dúvida. Sánchez não tem limites e temos que estabelecê-los por ele”.

ana.meireles@dn.pt

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