Europeus divergem sobre adesão da Ucrânia à UE e como a guerra deve terminar
ALESSANDRO DELLA VALLE / POOL / AFP

Europeus divergem sobre adesão da Ucrânia à UE e como a guerra deve terminar

Estas divergências acabam por constituir um cenário desconfortável numa altura em que se aproxima nova cimeira da NATO, argumentam os autores da sondagem Conselho Europeu dos Negócios Estrangeiros.
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Uma sondagem do Conselho Europeu dos Negócios Estrangeiros (ECFR, sigla em inglês) revela divergências consideráveis entre europeus e ucranianos sobre como a guerra terminará, a interpretação de que há da força militar da Rússia e os termos de adesão da Ucrânia à União Europeia e à NATO.

Estas divergências traçam mesmo um cenário desconfortável numa altura em que se aproxima nova cimeira da NATO, argumentam os autores.

A sondagem, levada a cabo na Ucrânia e em 14 outros países europeus, revela que a determinação da Ucrânia em lutar e o apoio europeu para fornecer armas ao país invadido pela Rússia não foram afetados pelos avanços russos no campo de batalha. Os entrevistados na Estónia (74%), Suécia (66%), Polónia (66%), Grã-Bretanha (59%), Países Baixos (58%) e Portugal (57%) são os que mais defendem o apoio militar à Ucrânia – em sentido contrário, Bulgária (63%), Grécia (54%) e Itália (53%) são os únicos em que a maioria dos inquiridos pensam que aumentar o fornecimento de munições e armas à Ucrânia é uma “péssima ideia”.

No entanto, esta aparente unidade dá lugar a uma grande divisão entre ucranianos e europeus sobre como esta guerra deve terminar e até que ponto o apoio deve ir. Apenas na Polónia (53%), na Estónia (45%), na Suécia (41%) e na Alemanha (40%) há uma grande parte da população que defende um aumento dos gastos com a defesa nacional e em todos os países inquiridos a maioria da população opõe-se ao envio de tropas para a Ucrânia.

Embora os ucranianos queiram mais armas e munições porque acreditam que podem vencer a guerra, a maioria dos europeus quer dar armas e munições à Ucrânia para a colocar numa melhor posição nas negociações com a Rússia para acabar com a guerra. 58% dos ucranianos acredita mesmo numa vitória no campo de batalha, valor que aumenta para 69% caso a Ucrânia receba mais armas e munições, mantendo alta a confiança nas Forças Armadas ucranianas e no presidente do país, Volodymyr Zelensky. Menos consensual são as potenciais soluções de acordo para colocar um ponto final ao conflito, pois menos de um terço dos ucranianos (30%) acredita num acordo negociado e 71% opõe-se a uma adesão à NATO no âmbito de um acordo que inclua a não recuperação do território ocupado.

Enquanto os ucranianos pensam que a Ucrânia deveria tornar-se estado-membro da União Europeia de forma a assinalar a vitória na guerra, a os europeus estão divididos sobre a adesão. Portugal é o país onde essa adesão é mais vista como uma “boa ideia” (59%), contra os 20% que consideram uma “má ideia”. O ceticismo é maior na Alemanha (54% acham “má ideia” e 31% “boa ideia”), Bulgária (50% vs. 26%), República Checa (48% vs. 36%) e França (40% vs. 36%).
 
A sondagem, publicada na antecâmara da cimeira anual da NATO, sugere que é pouco provável que os líderes da aliança encontrem apoio interno para o envio de tropas ou aumento na despesa de defesa para ajudar a Ucrânia na guerra. 

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