Europeísta Dan vence presidenciais na Roménia e UE respira de alívio
Depois da vitória surpresa de George Simion, o pouco conhecido candidato da extrema-direita, na primeira volta das presidenciais na Roménia a 4 de maio, as sondagens à boca das urnas mostraram logo que em duas semanas o europeísta Nicusor Dan conseguira dar a volta ao resultado e passar para a frente. E à medida que os votos foram sendo contados, a vantagem do autarca de Bucareste, matemático de formação, foi crescendo até a vitória se tornar inevitável. Com 99% do total de votos contados, o independente Dan conseguia 54%, frente aos 46% do nacionalista Simion.
Numa reação aos primeiros resultados, Dan, de 55 anos, declarou que venceram os romenos que queriam “uma mudança profunda” e defendeu a necessidade de lutar “não por duas, mas por uma Roménia”. “As eleições não são sobre os políticos, as eleições são sobre as comunidades. E nas eleições de hoje, uma comunidade de romenos que quer uma mudança profunda na Roménia venceu”, disse o candidato independente, momentos depois de terem sido conhecidas as primeiras projeções.
Mas com os primeiros números a darem os dois candidatos bastante próximos, Simion, que vencera a primeira volta com 41% dos votos, declarou-se “o novo presidente da Roménia”. Diante dos apoiantes da Aliança para a União dos Romenos - um pequeno partido nacionalista de extrema-direita, que defendia a integração da Moldova e do sudoeste da Ucrânia na Roménia, o que lhe valeu a proibição de entrar nesses países -, Simion garantiu: “Uma nova era começa esta noite. É hora de uma época em que a Roménia seja democrática, cristã e rica. Que Deus nos ajude”. E sublinhou: “Somos os vencedores destas eleições. Reivindicamos a vitória em nome do povo romeno. É a vitória do povo romeno humilhado.”
Estas palavras de Simion deixam antever uma possível contestação dos resultados, o que poderá agravar ainda mais a crise política naquele país. As presidenciais romenas têm sido marcadas pela polémica, depois de uma primeira volta ter sido anulada em dezembro passado pelo Tribunal Constitucional, numa decisão inédita, por suspeita de ingerência russa, que teria beneficiado nas redes sociais, nomeadamente no TikTok, o candidato pró-russo Calin Georgescu.
Nas últimas horas da campanha, o governo romeno denunciou novas “marcas da interferência russa” para “influenciar o processo eleitoral”. “Uma campanha viral de notícias falsas no Telegram e noutras plataformas de redes sociais tem como objetivo influenciar o processo eleitoral. Este facto já era esperado e as autoridades da Roménia desmascararam as notícias falsas”, escreveu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros no X.
Para os analistas, estas são as eleições mais importantes na Roménia desde o fim do comunismo, com implicações na orientação estratégica e perspetivas económicas do país, bem como para a unidade da União Europeia.
Os 18 milhões de eleitores romenos tiveram de escolher entre duas propostas políticas opostas: o nacionalista Simion, admirador de Donald Trump e crítico da UE e da NATO - organizações de que a Roménia faz parte -, ou o centrista Dan, que prometeu manter o país no caminho pró-Ocidente.
Com LUSA