"Estamos muito preocupados com os 'apelos para combater' em Cuba", disse numa mensagem na rede social Twitter a Secretária de Estado Adjunta em exercício do Gabinete para os Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA, Julie Chung, que sublinhou o apoio da Administração dos EUA ao direito dos cubanos a manifestarem-se pacificamente..Twittertwitter1414361678213488643.Chung também apelou à "calma" e condenou "qualquer tipo de violência"..O Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, exortou no domingo os seus apoiantes a saírem às ruas prontos para o "combate", em resposta às manifestações que aconteceram contra o Governo em vários pontos do país.."A ordem de combate está dada, os revolucionários às ruas", afirmou o governante, citado pela agência de notícias Efe..Milhares de cubanos manifestaram-se contra o Governo, algo raro, nas ruas de pequenas cidades, como San Antonio de Los Baños, Guira de Melena e Alquízar, na província ocidental de Artemisa, Palma Soriano, em Santiago de Cuba, na ponta oposta da ilha, e em alguns bairros de Havana, enquanto gritavam "Abaixo a ditadura!" e "Liberdade!"..De acordo com a Efe, centenas de pessoas saíram à rua em Havana em manifestações pacíficas, que foram intercetadas pelas forças de segurança e brigadas de apoiantes do Governo, tendo-se registado violentos confrontos e detenções..Grupos organizados de apoiantes do Governo também estiveram no local, entoando "Eu sou Fidel" ou "Canel, amigo, o povo está contigo"..Os protestos contaram com o apoio de exilados cubanos, que pediram ao Governo dos Estados Unidos que lidere uma intervenção internacional para evitar que os manifestantes sejam vítimas de "um banho de sangue"..A Assembleia da Resistência Cubana apelou à população a que se mantenha nas ruas e à polícia e às Forças Armadas para que se posicionem ao lado do povo..Segundo a Efe, que cita testemunhas no local, houve violência policial nas manifestações de San Antonio de Los Baños e Palma Soriano, que foram transmitidas em direto em várias contas na rede social Facebook..A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) disse já que recebeu informações sobre o uso da força e de agressões em Cuba e apelou ao Governo para respeitar o direito de protesto e concordar com a abertura democrática do país..Em várias mensagens na rede social Twitter, a CIDH também lamentou as "reações estigmatizantes das altas autoridades contra as pessoas que se manifestam"..Estes foram os maiores protestos anti-Governo de que há registo na ilha desde o chamado "maleconazo", quando em agosto de 1994, em pleno "período especial", centenas de pessoas saíram às ruas de Havana e não se retiraram até à chegada do então líder cubano Fidel Castro..Desde o início da pandemia da covid-19, em março de 2020, os cubanos enfrentam maior escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos, o que gerou um forte mal-estar social e económico..Nas manifestações anti-governo pede-se uma mudança urgente: "Este é o dia. Já não aguentamos mais. Não há comida, não há medicamentos, não há liberdade. Eles não nos deixam viver. Já estamos cansados" disse à BBC, Alejandro, um dos protestantes..Os protestantes exigem também um programa de vacinação contra a Covid-19 mais rápido, uma vez que estas manifestações aconteceram no dia em que Cuba registou um novo recorde diário de contágios e mortos devido à covid-19, com 6.923 novos casos nas últimas 24 horas, num total de 238.491, e 47 mortos, subindo o total desde o início da pandemia para 1.537..O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, condenou no domingo o "regime ditatorial" de Cuba por "chamar os civis a reprimir" os protestos antigovernamentais no país e por promover o confronto.."Reconhecemos a reivindicação legítima da sociedade cubana por medicamentos, alimentos e liberdades fundamentais. Condenamos o regime ditatorial cubano por chamar os civis à repressão e ao confronto contra aqueles que exercem os seus direitos de protesto", disse Almagro numa mensagem na rede social Twitter..Twittertwitter1414368842478931970