O ministro Diosdado Cabello falou junto às 400 armas que diz terem sido apreendidas na operação.
O ministro Diosdado Cabello falou junto às 400 armas que diz terem sido apreendidas na operação.Handout / Ministério do Interior e da Justiça da Venezuela / AFP

Espanha e EUA rejeitam plano para desestabilizar governo de Maduro

Autoridades de Caracas anunciaram a detenção de dois espanhóis e três norte-americanos, ligados ao CNI e à CIA, e ainda um cidadão checo. Famílias dos espanhóis garantem que estes não pertencem aos serviços secretos e se encontravam na Venezuela de férias.
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A Espanha, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, rejeitou este domingo as alegações de Caracas de que Madrid estava envolvida numa conspiração para desestabilizar o governo do presidente Nicolás Maduro, depois de três norte-americanos, dois espanhóis e um cidadão checo terem sido detidos na Venezuela e acusados de envolvimento numa conspiração contra o governo. Também um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA referiu que as acusações de que Washington está envolvida numa conspiração para desestabilizar o governo e realizar um ataque contra Maduro são “categoricamente falsas”, confirmando que um dos detidos pertence às Forças Armadas norte-americanas.

O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, afirmou no sábado que os estrangeiros estavam detidos sob suspeita de planear um ataque ao presidente Nicolás Maduro e o seu governo. E adiantou que os dois espanhóis foram recentemente detidos em Puerto Ayacucho, no sudoeste, por causa de uma suposta conspiração ligada às agências de inteligência dos Estados Unidos e da Espanha, bem como à líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado. 

Quanto aos norte-americanos, Cabello identificou o militar, supostamente um Navy SEAL, como sendo Wilbert Castañeda, afirmando que era o líder da operação, mas também David Estrella e Aaron Barrett Logan. O checo chamar-se-á Jan Darmovzal. O ministro do Interior da Venezuela adiantou que as autoridades também apreenderam 400 espingardas norte-americanas ligadas à suposta conspiração. “A CIA está à frente desta operação”, disse ainda Cabello, alegando que o CNI de Espanha também estava envolvido. “Isso não nos surpreende nada”, disse, acrescentando que a operação tinha “objetivos muito claros de assassinar o presidente Nicolás Maduro” e outros políticos venezuelanos de alto escalão, incluindo ele próprio e o vice-presidente.

Segundo o El País, com base em testemunhos das famílias, os dois detidos espanhóis acusados de pertencerem ao Centro Nacional de Inteligência (CNI) são Andrés Martínez Adasme, de 32 anos, e José María Basoa Valdovinos, de 35, e estavam na Venezuela a turismo, negando qualquer ligação aos serviços secretos espanhóis. As famílias adiantaram ainda que os dois homens vivem em Bilbau e são vizinhos. “O meu filho não trabalha no CNI, claro que não. Estamos a aguardar informações do consulado e da embaixada. Ainda não sabemos do que são acusados, nem o motivo da prisão”, declarou ao El Mundo o pai de Adasme.

De acordo com o El País, os dois viajaram de Madrid para Caracas a 17 de agosto e não tinham notícias do seu paradeiro desde 2 de setembro, tendo comunicado o seu desaparecimento no dia 9. 

Fontes do gabinete do primeiro-ministro Pedro Sánchez negaram no sábado à noite que os dois homens tenham ligações ao CNI, enquanto a embaixada de Espanha em Caracas enviou nesse dia nota verbal ao governo da Venezuela “solicitando acesso aos detidos, a fim de verificar as suas identidades e nacionalidade e, se verificada, saber exatamente do que são acusados, para que possam receber todas as informações necessárias e assistência”. Já este domingo, fontes da diplomacia de Madrid sublinharam que “Espanha defende uma solução democrática e pacífica para a situação na Venezuela”.

Estas detenções ocorrem num período de tensão entre Caracas e os EUA e a Espanha devido às presidenciais de 28 de julho na Venezuela, que a oposição do país acusa o presidente Nicolás Maduro de roubar. Sendo que a relação com Madrid deteriorou-se na semana passada depois de o candidato da oposição venezuelana Edmundo González Urrutia, de 75 anos, ter chegado a Espanha para se exilar, após ter sido ameaçado de prisão.

ana.meireles@dn.pt

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