O primeiro-ministro espanhol está a viver o seu pior momento de popularidade desde que foi eleito, segundo uma sondagem da Sigma Dos para o El Mundo conhecida esta segunda-feira, 25 de agosto, que aponta que Pedro Sánchez recebe uma pontuação média de três (em dez), quando há dois anos a sua avaliação era de 4,3. Esta descida de popularidade - que coloca Sánchez ao nível dos 2,9 de Santiago Abascal, o líder do partido de extrema-direita Vox - surge uma altura em que o primeiro-ministro socialista tem visto o seu nome envolvido em vários processos judiciais que visam tanto membros da sua família, como antigos ministros e dirigentes do PSOE. Este mês, Begoña Gómez, a sua mulher, foi acusada de desvio de fundos públicos na contratação da sua assessora na Moncloa, estando a sua primeira audição marcada para 11 de setembro. Uma acusação que o governo classifica como uma “campanha de assédio” contra Sánchez. De recordar que, há um ano, quando a sua mulher foi acusada pela primeira vez e pelo mesmo juiz, o líder do governo ameaçou demitir-se em resultado da “guerra judicial” contra a família. Desde então viu entrar na prisão o ex-secretário de Organização do PSOE Santos Cérdan pelo alegado esquema de corrupção em troca de obras públicas, que está a ser investigado no âmbito do “caso Koldo”, no qual é acusado de crime organizado, corrupção ativa e tráfico de influências. Neste processo, que abriu uma crise no partido e no governo obrigando Sánchez a dar explicações aos deputados, estão também envolvidos o antigo ministro e dirigente socialista José Luis Ábalos.No final de maio, o primeiro-ministro soube também que David Sánchez, o seu irmão, vai ser julgado com outras dez pessoas, incluindo o líder do PSOE na Extremadura, por alegados crimes de tráfico de influência e prevaricação.A par disto, o líder espanhol tem enfrentado nas últimas semanas grandes incêndios no país e um recorde de área ardida.Todos estes acontecimentos têm causado um grande desgaste na imagem de Pedro Sánchez, mas não beneficiaram a popularidade dos outros líderes políticos espanhóis: a vice-primeira-ministra Yolanda Díaz (do Sumar) começou o mandato com 4,5 e desceu agora para 3,3; o líder do PP Alberto Núñez Feijóo mantém-se estável nos 3,8, sendo que apenas Santiago Abascal conseguiu um aumento mínimo, de 2,8 para 2,9.No entanto, afetou a perceção dos militantes socialistas - na sondagem conhecida esta segunda-feira dão uma nota de apenas 5,8, quando há um ano a sua avaliação era de 6,5. Mesmo assim, é um valor acima dos 5,4 apresentados em julho, mas continua a mostrar um nível de descontentamento preocupante para o primeiro-ministro entre os seus apoiantes naturais.A sondagem do El Mundo mostra ainda que 68% dos eleitores que apoiaram o PSOE nas eleições de 2023 voltariam a fazê-lo. Os restantes mudaram o seu sentido de voto - 6,2% apoiariam o PP, 3,8% votariam no Sumar (que faz parte da coligação governamental) e 2,2% no Podemos (integra a união de partidos de esquerda Sumar). Há ainda 16,9% que não sabem em quem votarão nas próximas eleições.Entre as principais causas para estes valores estão o “descontentamento” com a liderança do PSOE, do qual Pedro Sánchez é o secretário-geral (34,9%), a “desconfiança” gerada por informações que afetam o seu círculo mais próximo (24,6%) e a deceção com a gestão do governo (23,2%).Estas intenções de voto transpostas para a composição do Parlamento significam que o PSOE passaria dos seus atuais 121 deputados para 108, o que impossibilitaria a viabilidade da atual “geringonça” governamental. Outra consequência da proximidade de Sánchez a estes casos de alegada corrupção, mas também os incêndios que têm assolado o país, levou a que a Comissão Permanente do Congresso debata e vote esta terça-feira, a pedido do PP, a convocação urgente do líder do governo e de oito ministros para que sejam ouvidos. Em cima da mesa estão estes dois assuntos, mas também a situação da imigração, o perdão da dívida das comunidades autónomas e o processo ao procurador-geral do Estado, Álvaro García Ortiz.A serem aprovados estes pedidos de esclarecimentos urgentes terão de se realizar ainda esta semana, pois na segunda-feira, 1 de setembro, são retomados os trabalhos normais do Parlamento..“Campanha de assédio”. Justiça continua a cercar Sánchez e acusa a mulher de peculato.Devido aos incêndios, Sánchez anuncia "grande pacto de estado face à emergência climática"