Empate entre aliança das esquerdas e coligação de Macron
Segundo as estimativas Ipsos-Spra Steria, citadas por vários media franceses inclusive as televisões e o Le Monde, a A Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes) liderada pel'A França Insubmissa (LFI), de Jean-Luc Mélenchon, e que inclui os ecologistas do EELV, os comunistas e os socialistas, consegue 25,2% dos votos na primeira volta das legislativas em França. A mesma percentagem exata que recebe a Ensemble, coligação que junta A República em Marcha do presidente Emmanuel Macron e os seus aliados centristas.
A primeira volta destas eleições fica ainda marcada pela abstenção recorde - 51,5%, segundo a Ifop, a mais elevada da V República.
A direita tradicional d'Os Repulicanos fica em terceiro lugar, com 18,9%, a extrema-direita liderada pela União Nacional (ex-Frente Nacional) de Marine Le Pen, é quarta com 13,7% e o Reconquista de Eric Zemmour, também de extrema-direita, consegue 3,9%.
Apesar do empate na percentagem de votos anunciado pelas sondagens, a coligação Ensemble deverá obter mais deputados do que a Nupes - entre 275 e 310 para os aliados de Macron, contra 180 a 210 para a aliança das esquerdas. Os Republicanos devem eleger entre 50 e 80 deputados, a União Nacional 20 a 45, segundo a sondagem Ifop.
Não é assim certo se a coligação presidencial consegue a maioria absoluta - 289 deputados.
Só com maioria parlamentar é que Macron verá avançar a sua agenda de redução de impostos, reforma da segurança social e aumento da idade da reforma, o oposto do sentido que Mélenchon propõe: baixar a idade da reforma para os 60 anos, introduzir impostos sobre a riqueza nas empresas e nos trabalhadores com salários elevados, e aumentar o salário mínimo em 15%.
Mas num escrutínio que tem a segunda volta marcada para dia 19, estas previsões de pouco valem, como os próprios responsáveis pelos institutos de sondagens admitem. Sobretudo num sistema em que tudo se vai decidir nas 577 circunscrições.
Nos casos em que nenhum candidato consiga à primeira volta uma maioria absoluta dos votos expressos, que representem pelo menos 25% dos eleitores inscritos, terá de haver uma segunda volta entre todos os candidatos que tiverem o voto de pelo menos 12,5% dos eleitores inscritos ou, caso nenhum alcance esse valor, os dois mais votados. Em 2017, devido à abstenção também elevada, só quatro deputados foram eleitos à primeira volta.
"No fim desta primeira volta, a Nupes está à frente: estará presente em mais de 500 círculos eleitorais na segunda volta", declarou Jean-Luc Mélenchon, no espaço "La Fabrique Événementielle", onde decorre a noite eleitoral da Nupes, no norte de Paris, reagindo às primeiras projeções dos resultados.
O líder da coligação que junta várias forças de esquerda considerou que, nesta primeira volta, o partido presidencial "foi derrotado e desfeito". "Pela primeira vez na Quinta República, um Presidente recentemente eleito não consegue ter uma maioria absoluta na eleição legislativa que lhe sucede", frisou.
Mélenchon apelou assim que o povo se mobilize para a segunda volta das eleições legislativas, afirmando que o resultado da primeira volta cria uma "oportunidade extraordinária" para o "destino comum da pátria". "Mobilizem-se para escancarar as portas do futuro, um futuro para o qual se mobilizaram tantas gerações antes da nossa. Esse futuro é um futuro de harmonia entre seres humanos, livres das dominações sociais, culturais e de género. É um futuro de harmonia entre os seres humanos e a natureza", sublinhou.
A líder da União Nacional francesa, Marine le Pen, disse este domingo que não dará indicação de voto nos círculos onde o partido foi eliminado na primeira volta das legislativas, destacando a progressão de sete pontos no total nacional.
Nos círculos eleitorais onde um candidato do LREM [República em Marcha] enfrenta um candidato de esquerda, convido os eleitores a não escolherem entre destruidores de cima e destruidores de baixo, entre aqueles que querem privá-lo dos seus direitos e aqueles que querem privá-lo da sua propriedade", disse a líder da extrema-direita francesa, que se mostrou satisfeita com os resultados a nível nacional.
A União Nacional registou "uma progressão de mais de sete pontos apesar da forte abstenção", disse Marine Le Pen, que vai disputar a segunda volta no seu círculo eleitoral de Hénin-Beaumont.