Dra. Ludhmila ou Dr. Luizinho. Bolsonaro vai escolher 4.º ministro da saúde na pandemia

O Palácio do Planalto está a entrevistar candidatos para o lugar do general paraquedista Eduardo Pazuello, cuja posição ficou insustentável. E os favoritos são críticos de tudo o que o governo fez até agora
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Ludhmila Hajjar, cardiologista, e dr. Luizinho, deputado federal e médico ortopedista, foram ouvidos pelo Palácio do Planalto nas últimas horas para o cargo de ministro da saúde do Brasil. O atual titular do cargo, o general paraquedista Eduardo Pazuello, debaixo de fogo pela condução considerada pela maioria dos analistas de desastrada no combate à pandemia, reuniu-se com o segundo e o presidente da República Jair Bolsonaro encontrou-se com a primeira. Mas há alternativas, como o também cardiologista Marcelo Queiroga. O escolhido será o quarto titular da pasta ao longo do último ano, depois de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, ambos médicos, terem abandonado o cargo em rutura com Bolsonaro, e da iminente queda de Pazuello.

Ludhmila Hajjar, professora da Universidade de São Paulo e intensivista no Hospital DF Star, conta com apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que chegou a ser tratado por ela quando contraiu covid-19. Ela, no entanto, já disse em entrevistas "que o Brasil fez tudo errado na pandemia e está a pagar um preço por isso".

Segundo os últimos relatos de Brasília, a conversa entre ela e o presidente, de mais de três horas na tarde de domingo, não correu bem e ela teria dito "não". No entanto, por ter ideias claras sobre como travar a epidemia e evitar o colapso anunciado dos hospitais, ainda pode reconsiderar e aceitar o cargo.

Luiz Antônio de Souza Teixeira Junior, conhecido na política por Dr. Luizinho, preside à Comissão de Segurança Social e Família e coordena a Comissão Externa da Câmara dos Deputados de Enfrentamento à covid-19. É do mesmo partido, o Progressistas, de Arthur Lira, e também teria, por isso, o seu apoio. Lira foi eleito para a liderança da Câmara com o apoio de Bolsonaro.

Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, surge como terceira opção. A seu favor, a proximidade com Bolsonaro, antes mesmo de o atual governo tomar posse, na qualidade de técnico para a área da saúde.

O Brasil registou ontem média diária de 1.832 mortes por covid-19 numa semana -o 16º dia consecutivo de recordes no índice. Nas últimas 24 horas, foram notificados 1.111 novos óbitos, somando 278.327 vítimas da doença do país, segundo o consórcio de veículos de imprensa, utilizando dados das secretarias estaduais de saúde. Todas as regiões brasileiras apresentam tendência de aceleração na média de mortes: Norte (16%), Nordeste (43%), Centro-Oeste (119%), Sudeste (29%) e Sul (99%).

Neste quadro, Pazuello teria colocado o lugar à disposição. "O presidente não pediu o meu cargo mas o entregarei assim que o presidente pedir, até lá, sigo como ministro da saúde no combate ao coronavírus e salvando mais vidas", afirmou o general.

Ele e Bolsonaro foram criticados pela má condução do combate à doença, promovendo ajuntamentos, criticando o uso da máscara, incentivando a compra de remédios ineficazes e atrapalhando a aquisição de vacinas, ainda a meio de 2020, que agora seriam essenciais para a imunização, muito atrasada, dos brasileiros.

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