Milhares de pessoas despedem-se do Papa na Basílica de São Pedro. Governo aprova luto nacional de três dias

Esta manhã, o corpo do sumo pontífice será colocado na basílica de São Pedro para que os fiéis o possam velar antes das cerimónias fúnebres de sábado.
EPA/ALESSANDRO DI MEO / POOL
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Acompanhe aqui as cerimónias de adeus ao Papa

Conselho de Ministros aprova três dias de luto nacional, entre quinta-feira e sábado

O Conselho de Ministros aprovou esta quarta-feira o decreto que declara três dias de luto nacional pela morte do Papa Francisco, a cumprir entre esta quinta-feira e sábado.

A deliberação foi anunciada pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros realizado hoje em Lisboa, e confirma o que já tinha sido comunicado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro na terça-feira.

O luto nacional pela morte do Papa Francisco será cumprido de 24 a 26 de abril, dia do funeral, onde marcarão presença, em nome do Estado português, o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República e o primeiro-ministro.

O período de luto vai coincidir com as celebrações do 25 de Abril, mas a sessão solene na Assembleia da República será mantida. Para o presidente do parlamento, José Pedro Aguiar-Branco, a sessão respeita o legado do Papa Francisco na defesa do pluralismo democrático.

Casas de apostas colocam Pietro Parolin e Luis Antonio Tagle como favoritos

As casas de jogo permitem apostar no sucessor de Francisco e no nome que o eleito escolherá para o seu papado, com o italiano Pietro Parolin e o filipino Luis Antonio Tagle como favoritos.

Parolin chefia a diplomacia da Santa Sé, o governo do Estado do Vaticano, e Tagle a Congregação para a Evangelização dos Povos, uma instituição criada há mais de 400 anos para promover a reunificação dos cristãos e difundir a fé.

Nos ‘sites’ de apostas os nomes dos cardeais “papáveis”, Parolin apresenta 'odds' ligeiramente mais baixas do que Tagle, segundo a agência de notícias EFE.

Numa casa de apostas espanhola, o italiano é ligeiramente favorito, com probabilidades de 2,75 euros (por cada euro apostado), contra 3,20 de Tagle. Os seguintes são o ganês Peter Tukson e o italiano Matteo Zuppi, com probabilidades de 8,00, e o húngaro Peter Erdo, com 9,00.

Nas casas de apostas inglesas, o berço das apostas desportivas, a luta repete-se entre Parolin e Tagle.

Algo que gera expectativa e curiosidade é também o nome que o novo pontífice irá escolher e algumas casas de apostas permitem que os apostadores corram o risco de o prever.

Os nomes favoritos numa das casas de apostas inglesas são os últimos três escolhidos. Com probabilidades de 2,50, o favorito é Francisco, no que seria uma repetição. Segue-se Bento, com probabilidades de 4,00, João Paulo, com probabilidades de 6.00, e Leão, com um prémio de 8,00 euros por cada aposta.

O sucessor de Francisco será escolhido de entre 135 cardeais reunidos num conclave ainda sem data marcada.

Um conclave longo ou breve?

Atendendo ao que aconteceu nos últimos 100 anos, não se espera um conclave que se arraste por muitos dias. A duração dos conclaves para escolha de um novo líder da Igreja Católica tem variado entre dois e cinco dias, desde que em 1922 os cardeais precisaram de cinco dias para escolher Pio XI. Os últimos dois conclaves produziram fumo branco ao segundo dia de votações.

• 1922 Pio XI: 5 dias

• 1939 Pio XII: 2 dias

• 1958 João XXIII: 4 dias

• 1963 Paulo VI: 3 dias

• 1978 João Paulo I: 2 dias

• 1978 João Paulo II: 3 dias

• 2005 Bento XVI: 2 dias

• 2013 Francisco: 2 dias

Zona de exclusão aérea e mais de 4 mil polícias para garantir segurança no funeral

Itália implementou uma operação de segurança máxima antes do funeral do Papa Francisco, no próximo sábado, na Praça de São Pedro, no Vaticano, onde mais de 200.000 fiéis e vários chefes de Estado e de governo são esperados. Cerca de 4.000 policiais serão mobilizados em Roma e será estabelecida uma zona de exclusão aérea, segundo vários media locais, informa a agência Efe.

Centenas de polícias e agentes de proteção civil já estão presentes no Vaticano para controlar o trânsito e orientar o grande fluxo de pessoas que se dirigem à Basílica de São Pedro para se despedir do Papa Francisco.

A operação de segurança vai intensificar-se à medida que a contagem regressiva para o funeral se aproxima, quando delegações de cerca de 170 países chegarão a Roma, incluindo o presidente dos EUA, Donald Trump; o ucraniano Volodymyr Zelensky; aos chefes de governo da França e do Reino Unido, Emmanuel Macron e Keir Starmer, bem como ao príncipe William da Inglaterra, o rei e a rainha da Espanha, e a delegação portuguesa, que inclui o Presidente da República, o Primeiro-Ministro e o Presidente da Assembleia da República (Marcelo Rebelo de Sousa, Luís Montenegro e José Pedro Aguiar-Branco, respetivamente).

Segundo a agência Efe, uma zona de exclusão aérea está planeada sobre o Vaticano, estendendo-se a Roma, e a área em redor da Praça de São Pedro será isolada até sábado com detecores de metais, drones e medidas militares de vigilância aérea. Atiradores, unidades caninas e unidades de deteção de explosivos serão mobilizados em terra e no subsolo. Caças militares também estarão de prontidão em caso de emergência, e serão ativados dispositivos para detetar drones hostis.

A presença de unidades de polícia fluvial para patrulhar o Rio Tibre e as suas margens, bem como bombeiros, também foi ampliada. 

Milhares de pessoas despedem-se do Papa na Basílica de São Pedro

Milhares de pessoas têm passado pela Basílica de São Pedro, onde está o corpo do Papa, para se despedirem de Francisco, formando longas filas no interior e no exterior do edifício.

EPA/GIUSEPPE LAMI
EPA/MASSIMO PERCOSSI
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Palmas e telemóveis saudaram última procissão de Francisco em São Pedro

Uma praça de São Pedro quase cheia saudou hoje com palmas e fotografias a passagem da urna com o corpo do Papa Francisco, uma cerimónia que marca o início público das celebrações fúnebres do líder da Igreja Católica.

“Foi um bom Papa, vai fazer-nos falta”, disse, em italiano, um dos polícias militares destacados para controlar a entrada dos fiéis na Praça, sujeitos a controlo.

O corpo do Papa saiu numa procissão da residência de Santa Marta, onde residiu após ter sido eleito, que incluiu centenas de cardeais, muitos deles já sem funções por excesso de idade, bispos, sacerdotes, missionários, religiosos e funcionários do Vaticano.

A procissão passou pela zona central da Praça de São Pedro e entrou na Basílica pelas portas centrais.

Os primeiros a prestar os seus respeitos à urna, já depositada na Basílica de São Pedro, foram os cardeais, em silêncio, seguindo-se os bispos e demais elementos da procissão. Só depois é que é permitido aos fiéis, que aguardam na Praça, a entrada no templo para velar Francisco.

Nas cadeiras espalhadas pelo recinto, estavam milhares de fiéis que esticavam os braços para obter a melhor imagem da passagem da urna, com a música coral do Vaticano como som de fundo.

Em alguns momentos, ouviram-se aplausos à passagem da urna e, no final, pouco antes de a procissão entrar na basílica, as palmas foram mais audíveis.

Numa cadeira estava Maria Ferrara, residente em Roma que promete só sair de São Pedro depois de ver o Papa.

“Já é o meu quinto Papa. Mas este foi especial”, diz, segurando um terço na mão, visivelmente emocionada.

À passagem da urna aberta, transportada aos ombros, os fiéis pouco puderam ver. “Só pude ver a mão, mas quero ir vê-lo”, prometeu Maria.

O corpo, já embalsamado, ficará na basílica até sábado, ocasião em que serão celebradas as exéquias.

Durante este período, uma guarda de honra do corpo de segurança papal – os guardas suíços – vão acompanhar o corpo.

A cerimónia de hoje foi celebrada pelo cardeal-arcebispo irlandês Kevin Joseph Farrell, que ocupa o cargo de camerlengo. Já as celebrações de sábado serão presididas pelo decano do colégio de cardeais, o italiano Giovanni Battista Re (91 anos), que presidiu ao conclave que elegeu Francisco.

As exéquias irão terminar com despedidas solenes, o túmulo será levado novamente para o interior da Basílica de São Pedro e, de lá, transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, onde será realizada a cerimónia de sepultamento, como havia sido pedido pelo Papa, com uma única inscrição: “Franciscus”.

Corpo do Papa já entrou na Basília de São Pedro

O corpo do Papa já chegou à Basílica de São Pedro, no âmbito de uma cerimónia de trasladação que começou às 9h locais (8h em Lisboa) desde a Residência de Santa Marta, onde viveu após ser eleito, tendo passado pelas praças de Santa Marta e pela do Protomártires Romanos e entrado na Basílica do Vaticano pela porta central.

Milhares de pessoas assistem à procissão.

Terá lugar agora uma oração presidida pelo carmelengo Kevin Joseph Farrell, o cardeal responsável pela gestão quotidiana do Vaticano, durante um período de Sé Vacante (entre a morte de um Papa e a eleição do seu sucessor).

Fiéis juntam-se para saudar uma última vez Francisco

Alguns milhares de fiéis começaram hoje a encher a Praça de São Pedro, Roma, a duas horas das celebrações de trasladação do corpo de Francisco para a Basílica de São Pedro, onde ficará até sábado, ocasião das exéquias fúnebres.

“Vim mais cedo, mas esperava mais gente”, afirmou Constança, uma freira brasileira que foi das primeiras a chegar ao recinto.

Em redor, um grande dispositivo policial vigia todas as ruas adjacentes, com inspeções de bagagens, sob a vigilância atenta de centenas de polícias militares.

“É um momento sempre tenso, não estamos preocupados, mas estamos preparados”, disse à Lusa uma inspetora da polícia criminal.

Às 09:00 locais, 08:00 em Lisboa, têm início as celebrações religiosas da trasladação com uma oração presidida pelo carmelengo Kevin Joseph Farrell, o cardeal responsável pela gestão quotidiana do Vaticano, durante um período de Sé Vacante (entre a morte de um Papa e a eleição do seu sucessor).

Várias equipas de jornalistas espalham-se nas zonas adjacentes da Praça.

Na praça, nos lugares sentados, misturam-se peregrinos, religiosos e turistas ateus. “Vim a Roma de visita, a minha mãe é que crê, não eu”, explica Kevin Leroy, um norte-americano que está sentado numa das cadeiras defronte da basílica de São Pedro.

“Mas se vim cá e há isto, tinha que vir”, disse, pouco depois de ter tirado uma ‘selfie’ com a igreja de fundo.

O corpo de Francisco está na Residência de Santa Marta, onde viveu após ser eleito, e será transportado pelas praças de Santa Marta e pela do Protomártires Romanos, entrando na Basílica do Vaticano pela porta central.

Padre jesuíta pede sucessor que procure consensos para concluir processos abertos pelo Papa

O sacerdote e filósofo jesuíta João Vila-Chã considera que o sucessor do Papa Francisco deve ser um homem de consensos, para seguir o legado de um homem que abriu “processos novos” para a Igreja Católica.

Em declarações à Lusa em Roma, onde dá aulas de Filosofia, João Vila-Chã admitiu que a eleição de Francisco foi uma “surpresa”, que “correu muito bem”.

“Francisco foi o grande jesuíta do século XXI”, afirmou Vila-Chã, recordando a origem da Companhia de Jesus, “fundada por Santo Inácio de Loyola para servir o Papa e não para ser Papa”.

Mas Francisco “foi jesuíta até ao fim e demonstrou à sociedade que se pode ser jesuíta e que se pode ser Papa”, assumindo a vocação transformadora da companhia religiosa, salientou o professor de Filosofia Social e Política na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Vaticano.

Num balanço da sua liderança, o sacerdote considera que “Francisco realizou uma obra extraordinária, levou até ao fim a sua vocação jesuítica” e “será cada vez mais reconhecido como um grande Papa”, um “Papa íntegro, que demonstrou à saciedade o valor, a potência e a importância” do cargo.

Para o filósofo, “Francisco foi um Papa de processos, a sua arte foi iniciar caminho, não foi chegar à meta”, numa referência às reformas feitas na Cúria Romana e na discussão interna sobre a relação da Igreja com o mundo, como é o Caminho Sinodal, que abrangem temas polémicos como a posição da mulher ou os direitos das várias minorias.

Os “processos iniciados terão que continuar, mas podem falhar” se o seu sucessor os decidir interromper, afirmou Vila-Chã, admitindo o risco de o legado de Francisco ser afetado.

“Se estes processos que o Papa Francisco iniciou são interrompidos e, sobretudo, se são interrompidos de um modo indevido e não justificado, coisa que eu não acredito que possa suceder, seria uma gravíssima perda” para a “transformação dentro da Igreja e na relação da Igreja com o mundo”.

Hoje, “aquilo que o momento nos pede é uma atenção àquilo que Deus quer para a Igreja” e o “perfil do próximo Papa tem de ser um homem de consensos, um homem de profunda fé”, inteligente e “capaz de entender os grandes processos daquilo que está a acontecer no mundo”, no que respeita às “transformações socioeconómicas e sociopolíticas” da sociedade contemporânea, avisou o filósofo que já deu aulas no Boston College e foi diretor da Revista Portuguesa de Filosofia.

Governo timorense apela à população para rezar por Francisco

O Governo timorense apelou hoje à população residente em Díli para se juntar todos os dias a rezar no Jardim de Lecidere até ao final do luto nacional decretado pela morte do Papa Francisco.

“O Governo apela a toda a população e, em particular, a todos os funcionários públicos, para que, durante o período de luto nacional, se reúnam diariamente em oração, a partir das 17 horas, em Lecidere como gesto de homenagem e recolhimento em memória do Papa Francisco”, pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros.

No comunicado, o Governo explica também que os serviços da administração pública estão a funcionar durante o período de luto nacional e que não é feriado, nem tolerância de ponto.

Na sequência da morte do Papa Francisco, o Governo timorense decretou luto nacional por um período de sete dias, que termina no próximo dia 28.

Corpo do Papa trasladado esta manhã para a Basílica de São Pedro

Bom dia!

Acompanhe aqui as principais incidências do dia sobre as cerimónias fúnebres do Papa Francisco.

Esta manhã, o corpo do sumo pontífice será colocado na basílica de São Pedro para que os fiéis o possam velar antes das cerimónias fúnebres de sábado. A trasladação começa às 9h locais (8h em Lisboa).

O Papa Francisco morreu na segunda-feira aos 88 anos, de AVC, após 12 anos de pontificado.

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Corpo do Papa desde esta quarta-feira na Basílica de São Pedro. Mais de 200 mil pessoas esperadas no funeral
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Santa Maria Maior e São Pedro: duas basílicas para o adeus ao papa
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