Comunidade internacional saúda o cessar-fogo em Gaza
Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), congratulou-se esta sexta-feira com o cessar-fogo entre Israel e Palestina, que entrou oficialmente em vigor às 00:00 de Lisboa, lamentando porém as mortes dos últimos 11 dias.
"A União Europeia congratula-se com o anunciado cessar-fogo que põe termo à violência em Gaza e arredores. Louvamos o Egito, o Qatar, as Nações Unidas, os Estados Unidos e outros que desempenharam um papel facilitador neste processo", reagiu Josep Borrell, numa declaração em Bruxelas.
Ainda assim, o chefe da diplomacia da UE deixou um lamento: "Estamos consternados e lamentamos a perda de vidas ao longo destes últimos 11 dias". Para o Alto Representante da União para a Política Externa, a situação na Faixa de Gaza era "há muito insustentável".
"Só uma solução política poderá trazer uma paz sustentável e pôr fim de uma vez por todas ao conflito israelo-palestiniano. Restaurar um horizonte político no sentido de uma solução de dois Estados continua agora a ser da maior importância e a UE está pronta a apoiar plenamente as autoridades israelitas e palestinianas nestes esforços", adianta Josep Borrell.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, saudou o cessar-fogo e apelou a uma solução política para o conflito.
"Saúdo o cessar-fogo entre Israel e o Hamas", escreveu Von der Leyen na sua conta na rede social Twitter, salientando que "só uma solução política trará uma paz e segurança duradoura para todos". A líder do executivo comunitário apelou ainda às duas partes para "consolidarem e estabilizarem a situação a longo prazo".
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O cessar-fogo foi saudado por toda a comunidade internacional, tendo Heiko Maas, chefe da diplomacia alemã, apelado à necessidade de "atacar as causas profundas" do conflito.
"É bom que um cessar-fogo tenha ocorrido" e que "não haja mais vítimas", disse Heiko Maas, numa mensagem publicada na rede social Twitter, depois de ter estado recentemente numa vista a Israel e aos territórios palestinianos. O ministro do Governo da chanceler alemã, Angela Merkel, dirigiu um "grande obrigado ao Egito pela sua mediação", que resultou no cessar-fogo.
"Agora é altura de atacar as causas profundas, restaurar a confiança e encontrar uma solução para o conflito no Médio Oriente", concluiu Maas.
Por sua vez, Jean-Yves Le Drian, chefe da diplomacia francesa, a destacar a interrupção de "um ciclo de violência cujo balanço humano é pesado para os civis", disse em comunicado.
Já a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, assinalou, na sua conferência semanal, que "Moscovo acolhe com profunda satisfação a entrada em vigor de um cessar-fogo na zona do conflito israelo-palestiniano", enquanto o seu homólogo chinês, Zhao Lijian, indicou que "a China saúda o cessar-fogo entre as duas partes e espera que respeitem seriamente o fim da violência".
Mas os três países, membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, insistem também na necessidade de se relançar o processo político entre Israel e os palestinianos para resolver o problema na origem dos combates. "A escalada dos últimos dias sublinha a necessidade de um relançamento de um verdadeiro processo político entre as partes com o apropriado apoio internacional, sem o qual sabemos que os ciclos de violência se repetirão", referiu Le Drian.
Zakharova realçou que a trégua é um "passo importante", mas insuficiente para evitar novo aumento da violência, pedindo esforços internacionais e regionais para "criar condições para o recomeço de negociações políticas diretas entre israelitas e palestinianos, visando resolver assuntos fundamentais".
No mesmo sentido, Zhao defendeu que a "comunidade internacional deve promover o regresso das negociações de paz entre Palestina e Israel e encontrar uma solução com dois Estados justa, duradoura e completa".
A China comprometeu-se a enviar ajuda de emergência no valor de um milhão de dólares (817,5 mil euros) para os palestinianos e doar o mesmo valor à agência da ONU de assistência aos refugiados palestinianos (UNRWA). Pequim disse ainda que vai enviar 200.000 doses de vacinas contra a covid-19.
No rescaldo do conflito que durou 11 dias, pelo menos cinco corpos e uma dezena de sobreviventes foram encontrados em túneis subterrâneos na Faixa de Gaza, bombardeados pelo exército israelita durante a sua operação contra grupos armados palestinianos, disseram hoje autoridades locais.
"Esta manhã removemos cinco corpos nos escombros de um túnel alvo" dos ataques israelita, disse um dos socorristas. Também foi encontrada "uma dezena" de sobreviventes, de acordo com os socorristas.
A polícia em Gaza confirmou que está a revistar todos os escombros à procura de outros sobreviventes.
Desde 10 de maio, 243 palestinianos foram mortos e 1.910 ficaram feridos por ataques e bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza em resposta a 'rockets' lançados do enclave palestiniano contra Israel, segundo o ministério Saúde em Gaza. Em Israel, 12 pessoas morreram e 355 ficaram feridas, segundo as autoridades israelitas.