Cheias fazem 100 mortos na Indónesia e dezenas de desaparecidos em Timor Leste
Para além dos vento fortes que forçaram milhares de pessoas a procurarem abrigo em centros de acolhimento, são esperadas chuvas fortes nos próximos dias já que a tempestade desencadeia ondas offshore de até seis metros (20 pés), disse a agência de desastres da Indonésia.
O ciclone, que estava a ganhar força conforme se movia em direção à costa oeste da Austrália, atrapalhou os esforços para alcançar os sobreviventes presos. No entanto, enquanto foram registadas até agora 27 mortes em Timor-Leste, a Indonésia já reportou pelo menos 86 óbitos e 71 pessoas estão ainda desaparecidas.
Dili, a capital de Timor-Leste, foi completamente inundada e as imediações do palácio presidencial foram transformadas num poço de lama.
No município de Flores do Leste, na Indonésia, correntes de lama atingiram casas, pontes e estradas.
Em Lembata, uma ilha a leste de Flores, algumas aldeias chegaram mesmo a ser arrastadas montanha abaixo e carregadas para a costa do oceano. Basir Langoday, um residente da ilha, disse ter ouvido pedidos de ajuda de uma casa coberta de escombros. "Havia quatro pessoas lá dentro. Três sobreviveram, mas a outra não", relatou aos jornalistas, acrescentando ainda que ele e os seus amigos tentaram salvar a vítima.
Juna Witak, outra moradora, juntou-se à família num hospital local, onde choraram pelo cadáver da sua mãe que foi morta numa enchente no domingo. "Houve um estrondo e as enchentes varreram tudo", disse Witak.
Entre os desabrigados pela catástrofe estava Epifania Gomes, mãe de quatro filhos, que se refugiou com o marido e a família no alpendre de uma igreja fechada perto de Dili: "É difícil encontrar água limpa. Não tomamos banho porque não há chuveiro, então tivemos que defecar nos arbustos ", disse à AFP.
A União Europeia afirmou estar disposta a oferecer assistência a Timor-Leste, que vive na pobreza: "As cheias catastróficas acontecem numa altura em que Timor-Leste está a trabalhar arduamente para conter a propagação da Covid-19 entre a sua população, colocando uma pressão adicional considerável tanto sobre os recursos como sobre o povo timorense."
Alfons Hada Bethan, chefe da agência de desastres East Flores, refere ainda que as fortes chuvas desafiaram os esforços para encontrar sobreviventes: "Suspeitamos que muitas pessoas estão enterradas, mas não está claro quantas estão desaparecidas."
O presidente indonésio, Joko Widodo, expressou as suas "mais profundas condolências" pela devastação no extremo sudeste do arquipélago. Milhares foram para abrigos temporários, onde se verifica uma grande escassez de remédios, alimentos e cobertores.