Scholz. Portugal "tem escrito história de sucesso económico impressionante"
O chanceler alemão, Olaf Scholz, considerou este domingo que "Portugal tem escrito uma história de sucesso económico impressionante", saudando a recuperação económica após a crise económica e financeira, mas também os progressos na transição digital e energética.
"Nos últimos anos, Portugal tem escrito uma história de sucesso económico impressionante. Que recuperação depois dos anos difíceis de crise económica e financeira", declarou Olaf Scholz na cerimónia de abertura da feira de Hannover, no Centro de Congressos daquela cidade alemã, onde chegou pelas 18:40 (17:40 de Lisboa) acompanhado pelo primeiro-ministro português, António Costa, ao som da música "A Sky Full of Stars", da banda britânica Coldplay.
Com o primeiro-ministro português a ouvi-lo na plateia, o chanceler alemão salientou que Portugal "tem feito grandes progressos na tecnologia, digitalização e transição energética".
"Lisboa tornou-se num dos epicentros europeus para 'start-ups' e para os nómadas digitais em todo o mundo. 'Smartphones e pranchas de surf'": é uma combinação que funciona", afirmou.
Dirigindo-se diretamente a António Costa, Scholz disse que os executivos liderados pelo primeiro-ministro português têm "investido de forma maciça na capacidade inovadora de Portugal, com institutos de investigação de ponta, como por exemplo, o Fraunhofer Institute a ficarem atraídos por Portugal".
"Ao longo dos últimos anos, surgiram numerosas novas cooperações entre empresas: mais de 600 empresas alemãs já estão ativas em Portugal. Não são apenas grandes empresas internacionais, como a Volkswagen, Bosch, Siemens e Continental, mas também pequenas e médias empresas. Tal deve-se ao bom clima que encontram em Portugal, tanto para investir como para passar férias", acrescentou.
Antes, o chanceler alemão abordou ainda os descobrimentos portugueses para referir que, segundo o escritor alemão Stefan Zweig, marcaram "o início da era moderna, o momento em que o mundo se tornou esférico, global".
Dirigindo-se a António Costa, Scholz considerou assim que "não é surpreendente" que Portugal tenha sido escolhido como país parceiro da feira de Hannover: "O cosmopolitismo e o comércio fazem tanto parte do ADN de Portugal, como as descobertas e as inovações, e Hannover é a feira de comércio para descobridores e inventores".
"Por isso, o 'slogan' que escolheste para a vossa presença aqui, António, é muito pertinente: 'Portugal faz sentido'", referiu.
Em português, Scholz disse assim a António Costa que era "bem-vindo" à feira de Hannover.
Discursando antes do chanceler alemão, o primeiro-ministro português salientou que a escolha de Portugal para país parceiro da Hannover Messe'22 "é seguramente o reconhecimento do valor das relações já existentes entre as indústrias portuguesas e alemãs, mas acima de tudo demonstra confiança no potencial" para se reforçar "ainda mais esses laços".
À semelhança de Scholz, o primeiro-ministro português também propôs uma "viagem no tempo", recordando a travessia aérea do Atlântico Sul feita há 100 anos por Gago Coutinho e Sacadura Cabral para abordar a criação do sextante de horizonte artificial, que "lhes permitiu astronavegar o avião e que foi uma grande inovação naquele tempo".
"A história não acaba aí: essa inovação foi depois comercializada por uma muito conhecida empresa alemã, que ainda continua a operar a partir de Hamburgo [...] e foi utilizado em 1929 na primeira viagem à volta do mundo, a bordo de um dirigível de fabrico alemão: um Zepelim", recordou.
"Significa isto que, já naqueles tempos, há 100 anos, os laços comerciais e a transferência de conhecimento entre os nossos países estavam bem presentes e com benefícios mútuos", indicou.
Com o 'slogan' "Portugal faz sentido", a Hannover Messe'22 -- considerada a maior feira de indústria do mundo -- começou hoje e termina na quinta-feira, tendo escolhido Portugal como país parceiro para a edição deste ano.
Segundo o gabinete do primeiro-ministro, 109 empresas portuguesas participam no certame, desenvolvendo "atividades nas áreas de soluções de engenharia, soluções de energia e ecossistemas digitais".
O chanceler alemão, Olaf Scholz, considerou este domingo que Portugal tem "desempenhado um papel exemplar" no acolhimento de refugiados ucranianos, saudando o primeiro-ministro português, António Costa, por um "grande feito" e pelo "sinal de visão e de liderança europeia".
Na cerimónia de abertura da feira de Hannover - que escolheu Portugal como país parceiro na edição deste ano -, o chanceler alemão sublinhou que os países europeus estão a acolher "milhões de mulheres, homens e crianças que foram forçados a fugir para a União Europeia devido à violência na Ucrânia".
"Portugal, em particular com a sua grande comunidade ucraniana, tem desempenhado um papel exemplar nesta matéria. Este é um grande feito, caro António, e também um sinal de visão e de liderança europeia e da sua visão e liderança. Muito obrigado por isso", disse Scholz, dirigindo-se diretamente a António Costa, que o ouvia na plateia, sendo saudado por aplausos.
Scholz considerou que, na situação atual, a Alemanha está a assistir à "maior transformação" da sua economia "desde o início da industrialização e isso está a acontecer numa altura em que a situação internacional é a mais desafiante das últimas décadas".
"A invasão da Ucrânia pela Rússia marca o início de uma nova era, não apenas por esta guerra cruel estar a acontecer na nossa vizinhança, mas também porque o presidente Putin quer voltar para uma era onde as regras eram ditadas pelo mais forte, em que países grandes reivindicavam para si esferas de influência e os países pequenos tinham que se submeter", afirmou.
Scholz destacou que "o imperialismo de Putin rompe com todos os princípios que garantiram décadas de paz na Europa", razão pela qual, tanto a União Europeia, como a NATO e os países do G7 reagiram "com muita unidade e resolução à invasão russa", designadamente através do envio de armamento.
Abordando as sanções económicas impostas à Rússia, o chanceler alemão afirmou que se trata de sanções "bem preparadas e coordenadas que estão a atingir de forma dura a liderança e a economia russa, cada vez mais, a cada dia que passa", estando os países europeus a assegurarem-se que elas não os atingem "mais do que à Rússia de Putin".
"Estamos a tentar responder aos impactos mais negativos [da conjuntura internacional] com créditos e subvenções. Mesmo assim, haverá custos, mas garanto que esses custos são muito inferiores ao preço que todos pagaríamos se permitíssemos que Putin levasse adiante os seus desígnios", frisou.