Cazaquistão: Amnistia Internacional pede libertação de jornalistas e ativistas
A Amnistia Internacional instou esta quarta-feira as autoridades do Cazaquistão a libertar os jornalistas e ativistas detidos arbitrariamente por noticiarem os protestos dos últimos dias.
Em comunicado, a AI diz que "também devem ser libertadas de imediato todas as pessoas que se encontram sob custódia (das autoridades) e que não cometeram delitos reconhecidos internacionalmente e que foram detidas por infrações à legislação que é injustificadamente restritiva sobre o direito de reunião, no Cazaquistão". A organização não-governamental pede também às autoridades cazaques para investigar, de forma imparcial, todas as denúncias sobre violações de direitos humanos, incluindo a força usada de "forma letal" contra os manifestantes.
"Não há nada mais importante, neste momento, do que o livre acesso à informação independente. É preciso estabelecer responsabilidades por todas as violações contra os direitos humanos e conseguir garantias de que as autoridades assumam o compromisso pelo respeito em relação aos direitos humanos no futuro", sublinha a diretora da AI para a Europa de Leste e Ásia Central, Marie Struthers.
A Amnistia Internacional assinala que até ao momento não se conhece o número exato de vítimas da violência que se registou nos últimos dias no Cazaquistão.
O mesmo comunicado frisa que "as autoridades confirmaram que morreram, pelo menos, 18 elementos dos corpos de segurança mas até agora não revelaram o número de vítimas entre a população civil."
A AI recorda que uma conta no sistema de mensagens Telegram vinculado ao governo informou que 164 pessoas morreram mas que a informação foi retirada de imediato tendo as autoridades justificado a publicação do texto como "falha técnica".
"O silêncio das autoridades sobre o número de vítimas dos distúrbios e as circunstâncias das mortes é indignante. A informação sobre as vítimas deve ser transmitida de imediato", escreve Struthers.
Os protestos que se registaram no Cazaquistão a 2 de janeiro provocaram o pedido de envio de uma missão militar liderada pela Rússia para o país rico em hidrocarbonetos. A crise foi provocada pelo aumento do preço do gás liquefeito, que provocou inicialmente manifestações pacíficas em várias cidades do país.